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Candidatura de Fillon às presidenciais francesas está ameaçada, avalia imprensa

A imprensa francesa destaca em peso nesta quarta-feira (1) as novas revelações do escândalo sobre o emprego fantasma da mulher do candidato conservador às presidenciais francesas, François Fillon. Penelope Fillon teria recebido mais de € 800 mil, durante 15 anos, sem trabalhar. Para muitos analistas, sua candidatura está ameaçada.

O casal François e Penelope Fillon no comício de campanha do candidato conservador, no último domingo (29), em Paris.
O casal François e Penelope Fillon no comício de campanha do candidato conservador, no último domingo (29), em Paris. REUTERS/Pascal Rossignol
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A nova bomba foi mais uma vez publicada no jornal satírico Le Canard Enchaîné, que chega às bancas todas as quartas-feiras. O semanário já havia sido o primeiro a revelar, na semana passada, que a mulher do ex-primeiro-ministro foi contratada durante anos como assessora parlamentar do marido e ganhou sem trabalhar.

Na edição de hoje, a publicação informa que a conta é bem maior do que se imaginava. Na verdade, em vez dos € 300 mil anunciados inicialmente, Penelope Fillon recebeu, de 1988 a 2013, mais de € 830 mil, o equivalente a mais de R$ 2,7 milhões. Ela também ganhou, quase sem contrapartida, € 100 mil da “Revue des Deux Mondes”, editada por um milionário amigo do casal.

Além de ter contratado a mulher, o candidato presidencial empregou dois de seus filhos como assistentes parlamentares quando foi senador entre 2005 e 2007. Ainda estudantes de Direito, os dois teriam recebido € 83 mil. Ao todo, a família Fillon embolsou mais de € 1 milhão.

A dona de casa Penelope Fillon

Irônico, Le Canard Enchaîné, publica como manchete uma afirmação dúbia do candidato do partido Os Republicanos (em francês Les Républicains, sigla LR) aos investigadores que apuram o caso: "Estou dizendo que Penelope não fez nada". O jornal satírico aponta que a mulher de Fillon, que sempre afirmou publicamente ser uma dona de casa, prendada e do lar, é a maior prova de sua culpabilidade.

A nova revelação do Canard vazou na terça-feira (31) e todos os outros jornais desta manhã repercutem a informação. Muitos analistas apontam que, se o emprego fantasma for confirmado, ele representa uma forma de enriquecimento ilícito do candidato, jogando por terra a imagem de homem honesto que Fillon construiu durante sua carreira política e enfatiza na atual campanha.

“Escândalo Fillon, a nota fiscal aumenta”, estampa em sua primeira página Aujourd'hui en France. O caso passa a ser um escândalo de família. A justiça, que iniciou um processo na semana passada sobre o eventual emprego fantasma de Penelope Fillon, acelera as investigações sobre o caso, mas as novas revelações sacodem a candidatura do conservador.

A campanha do até então favorito às eleições presidenciais francesas de abril e maio, vencedor incontestável das primárias do partido Os Republicanos, "se transforma em uma corrida com obstáculos e pode virar um massacre", prevê o editorial do diário. Vários políticos do partido já se preparam para eventualmente substituir Fillon, diz o texto.

Família de ouro

A família Fillon é uma família de ouro, provoca Libération em sua manchete. O jornal progressista avalia que as novas revelações arranham ainda mais a imagem do candidato conservador.

Na semana passada, para tentar apagar o incêndio, o candidato foi à TV e tentou antecipar sua linha de defesa, citando algumas datas, valores e a contratação esporádica dos filhos. Mas agora, ainda por cima, tudo indica que Fillon mentiu, ressalta Libération. As investigações apontam que Penelope não tinha nem crachá da Assembleia Nacional francesa na época em que supostamente deveria trabalhar na Casa como assessora do marido.

Libé ouviu vários líderes do partido Os Republicanos. Eles confessam não acreditar que a manutenção da candidatura Fillon seja possível, mas afirmam que não existe nenhum plano B, pelo menos por enquanto.

Les Echos e Le Figaro destacam que, em dificuldade, Fillon denuncia uma "campanha de calúnia", mas sua candidatura parece mesmo ameaçada, afirma o jornal econômico.

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