Acessar o conteúdo principal

Imprensa questiona até quando Fillon consegue manter candidatura

O escândalo sobre o emprego fantasma que ameaça a candidatura de François Fillon às presidenciais francesas continua ocupando as primeiras páginas dos jornais franceses desta quinta-feira (2). Acuado, o candidato acusa o governo socialista de "um golpe de Estado institucional", mas vários deputados de seu partido já pedem sua saída.

O candidato conservador François Fillon continua em campanha e denuncia um "golpe de Estado intitucional" contra sua candidatura.
O candidato conservador François Fillon continua em campanha e denuncia um "golpe de Estado intitucional" contra sua candidatura. REUTERS/Benoit Tessier
Publicidade

O ex-primeiro-ministro conservador é suspeito de ter empregado a mulher e dois filhos como assessores parlamentares na Assembleia e no Senado. Seus familiares teriam recebido sem trabalhar. Ao todo, a família embolsou, em 15 anos, mais de € 1 milhão, o equivalente a mais de R$ 3,3 milhões. Uma investigação foi aberta na semana passada quando o caso foi revelado. A cada dia novas revelações complicam ainda mais a defesa do candidato do Partido Les Républicains (LR, Os Republicanos, em português).

"Pânico à direita", é a manchete do Aujourd'hui en France. O diário diz que o escândalo semeia confusão entre os partidários de Fillon. Oficialmente, o partido Os Republicanos apoia o candidato, vencedor das primárias da sigla em novembro. Mas alguns políticos já antecipam, na surdina, a retirada de sua candidatura.

A última revelação é constrangedora e mais uma prova do emprego fantasma de Penelope Fillon, a mulher do candidato. Uma reportagem realizada pelo programa Enviado Especial, do canal dois da TV francesa, resgata trecho de uma entrevista a um jornal inglês, em 2007, onde Penelope afirma que "nunca foi assessora parlamentar do marido". A reportagem vai ao ar na noite desta quinta-feira.

Em seu editorial, Aujourd'hui en France afirma que independentemente do resultado da investigação da justiça sobre o emprego fantasma, o mal está feito. "Está claro que o político que tem um discurso rigoroso e moralista aproveitou do sistema para financiar sua família com o dinheiro público. Mesmo se o delito não for confirmado nem punido pela justiça, o erro político é enorme", conclui o editorial.

Partido Os Republicanos está dividido

"Até quando Fillon vai se sustentar como candidato?", se pergunta Libération. O partido Os Republicanos está próximo do racha. Diante das justificativas contraditórias de Fillon e de sua queda nas pesquisas de opinião, sua candidatura parece insustentável. A ideia de o substituir começa a germinar. Dois ou três deputados do partido conservador já afirmam que as primárias da sigla foram invalidadas pelo escândalo e dizem que é necessário encontrar outro nome, lembra o jornal progressista.

Nas páginas do Le Figaro, um grupo de caciques de Os Republicanos tenta apagar o incêndio. Eles proclamam fidelidade a Fillon, pelo menos durante os 15 dias pedidos pelo candidato até a justiça pronunciar o resultado da investigação. O ex-primeiro-ministro, que continua afirmando que não fez nada de ilegal e que a mulher efetivamente o assessorava, também partiu ontem para o ataque. No meio da tormenta, ele acusa o poder socialista, denunciando um "golpe de estado institucional" contra sua candidatura. Fillon garante que continuará sendo candidato desta presidencial, anuncia o jornal conservador.

Le Figaro dá crédito a esta tese, afirmando em seu editorial que “ninguém pode acreditar em uma coincidência entre o momento em que o escândalo foi revelado e as presidenciais. “Favorito nas pesquisas, Fillon era a bola vez. Resta saber a quem sai ganhando com o crime”, questiona o texto.

Cartas redistribuídas

Les Echos analisa que as cartas destas eleições foram redistribuídas com o escândalo, a apenas 80 dias do primeiro turno. François Fillon, ex-favorito, perde terreno nas pesquisas de opinião. Quem sai ganhando com o desgaste do conservador é Emmanuel Macron, ex-ministro da economia e candidato pelo movimento independente “En Marche”, de centro esquerda.

Macron ocupa agora o segundo lugar nas intenções de voto, atrás da líder da extrema-direita, Marine Le Pen. Ele aproveita essa vantagem para atacar o programa "esquerdista" do candidato socialista, Benoît Hamon, e ganhar ainda mais terreno, aponta o jornal econômico.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.