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Em plena crise, Brasil aposenta porta-avião, diz Le Monde

O jornal Le Monde traz matéria nesta quinta-feira (16) sobre o fim da fabricação do porta-aviões Foch, de origem francesa, e que ganhou o nome de "São Paulo" quando foi apropriado pela Marinha brasileira, em 15 de novembro de 2000.

Porta-aviões francês Foch, renomeado como "São Paulo" no Brasil, no ano 2000.
Porta-aviões francês Foch, renomeado como "São Paulo" no Brasil, no ano 2000. Wikipedia
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Com o título "No Brasil, a segunda morte do porta-aviões Foch", o diário francês afirma que, "em plena crise econômica e política, o país renuncia à cara modernização de seu navio almirante". "A prioridade será agora a construção de navios menores e de uma frota de submarinos, um contrato gigante atribuído à França, que, oficialmente, continua em suspenso", publica o jornal.

Para Le Monde, "esta decisão brutal sela uma segunda morte do Foch, porta-aviões lançado em 1960". O jornal lembra que em 1968 o escritor Tom Clancy fez o navio Foch naufragar após um ataque soviético, em seu romance "Tempestade vermelha". "Do Mar Adriático, os aviões de bombardeio do Foch atingiram 490 vezes a Sérvia, o Kosovo e Montenegro. Mas, dessa vez, o navio desaparecerá de cena de uma vez por todas, como seu irmão gêmeo, o Clemenceau, desativado em 2010", escreve o diário francês.

Manutenção cara e equipamento obsoleto

"Os pilotos de caça brasileiros começaram a realizar pousos no porta-aviões Foch no verão de 2001. Mas, depois dessa data, o Foch, renomeado como São Paulo, passou mais tempo ancorado no cais do que em operações", escreve Le Monde. O jornal conta ainda que uma primeira renovação foi ensaiada entre 2005 e 2010. "Mas suas caldeiras à óleo, extremamente obsoletas, a falta de peças de reposição e uma série de acidentes consecutivos adiaram o retorno do porta-aviões ao mar. O navio sofreu seis incêndios a bordo, provocando a morte de quatro marinheiros na época", explica o jornal.

"Não aprendemos a lidar com um porta-aviões do dia para a noite, é necessário ao menos uma geração de marinheiros", afirmou a Le Monde Francis Sauve, presidente da associação de amigos e veteranos do Foch e de seu irmão-gêmeo, o Clemenceau. Em 2000, no dia em que o Foch foi cedido ao Brasil, Francis Sauve esteve a bordo do navio, em Brest, na costa da Bretanha, na França, relata o jornal. "Compreendi naquele momento que ele não iria muito longe, visto seu estado geral. A manutenção havia se tornado muito importante. Deveríamos ter investido, por outro lado, na possibilidade de dar ao Clemenceau, o outro navio, uma segunda chance", analisa Sauve para Le Monde.

"No fim de 2014, a Marinha brasileira anunciou que gostaria de prolongar a vida do porta-aviões até 2039", publica o diário francês. "Mas os almirantes finalmente decidiram que o plano de modernização, estimado a um custo de € 300 milhões, era muito extravagante", finaliza Le Monde.

 

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