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A pé, irmão de terrorista francês percorre país e alerta contra radicalização

Em março de 2012, aos 23 anos, Mohamed Merah matou sete pessoas em Toulouse e Montauban. Hoje, seu irmão mais velho, Abdelghani Merah, caminha a pé pela França para alertar os jovens dos perigos da radicalização. Seu outro irmão, Abdelkader, será julgado em outubro por cumplicidade na matança.

Abdelghani Merad em uma estrada da França, em fevereiro de 2017
Abdelghani Merad em uma estrada da França, em fevereiro de 2017 PHILIPPE DESMAZES / AFP
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Foi Abdelghani Merah que denunciou seus irmãos, quando ocorreram os crimes nas duas cidades francesas. Cinco anos depois da tragédia, ele iniciou uma longa andança pela França para alertar sobre o perigo do aumento do integrismo religioso. Saiu sozinho de Marselha e decidiu fazer o mesmo percurso de uma famosa passeata que aconteceu no país em 1983, em protesto ao crime rascista de um menino árabe de 13 anos.

Quando chegar a Paris, ele espera ser recebido pelo ministro da Justiça, Jean-Jacques Urvoas. "Eu caminho em nome da vida coletiva, contra as discriminações e pela juventude desorientada. E depois do caso do Théo, há mais motivos para os radicais clamarem seu ódio pela França", diz o andarilho, que percorre entre 25 e 40 km por dia, dormindo ao relento ou sendo acolhido por associações que o apoiam.

Pais têm culpa da radicalização de Mohamed e Abdelkader, diz irmão

A juíza de direito Nadia Remadna, fundadora da associação "Brigada das mães", afirma: "Compreendo que possa haver preconceitos contra ele porque é o irmão de Merah, mas hoje, esperar o que? Quando será o próximo atentado? É preciso tomar consciência das coisas e depois, a Marine Le Pen está subindo", ela comenta, explicando que apoia o combate de Abdelghani para combater, à sua maneira, o islamismo radical.

Desde que denunciou seu irmão, Abdelghani vive na precariedade, sem trabalho nem domicílio fixo. Mas ao lado da associação Entre'autres (composta por especialistas em terrorismo), ele acredita que "pode dar alguma coisa às pessoas, quebrar o mito de Mohamed, dizer aos jovens que o irmão foi fraco, que perdeu a cabeça".

Abdelghani acredita que a radicalização de três dos cinco filhos de sua família é, em grande parte, culpa dos pais, que os incentivavam a ter ódio dos judeus por causa da crise palestina. O mais novo, Abdelkader, foi quem levou para o salafismo a irmã Souad e, em seguida, o irmão Mohamed. Entre as suas vítimas, estavam um pai e duas crianças judias, mortos em frente à uma escola judaica de Toulouse.

O andarilho também se dirige às mães: "Tento reconfortá-las, dizer-lhes que o que elas fazem é essencial. Se Mohamed tivesse tido amor maternal, jamais teria se tornado terrorista", diz Abdelghani.

Vejam a reportagem da TV France 2 sobre Abdelghani Merah

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