Maioria dos franceses é contra saída do país da zona do euro
O jornal Les Echos publica uma pesquisa do instituto Elabe que mostra que 72% dos franceses são contra a saída da França da zona do euro e a volta do franco como moeda nacional. A proposta é uma das principais medidas do programa da candidata de extrema-direita à presidência, Marine Le Pen. Ela promete organizar um referendo sobre o assunto, se for eleita em maio.
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A posição favorável à moeda única não é acompanhada, no entanto, de uma opinião positiva sobre a Europa: 37% dos franceses entrevistados consideram que integrar a União Europeia traz mais inconvenientes do que vantagens. De acordo com a sondagem, 31% têm opinião inversa.
Em seu editorial, Les Echos explica que os mais reticentes à União Europeia são conhecidos: trabalhadores que perderam o emprego com a derrocada industrial da França e habitantes de zonas rurais. O jornal nota que é fácil, nessas condições de precariedade, ver a União Europeia como um bode expiatório, mas assinala que falta aos dirigentes mostrar de forma concreta, no dia a dia das pessoas, o que o bloco representa de prosperidade às populações.
Europeus divididos sobre um bloco a velocidades diferenciadas
Nessa atmosfera de desconfiança, o jornal Le Figaro se inquieta com o fato de que as duas maiores economias do bloco, França e Alemanha, não conseguem chegar a uma visão consensual e clara sobre o projeto de um bloco a várias velocidades, com grupos diferenciados de países engajados em projetos comuns, como no setor da defesa, e outros, com um protagonismo menor. O tema está em discussão na cúpula de líderes que começou nesta quinta-feira (9) em Bruxelas.
O Brexit acentuou a urgência de se pensar o bloco de outra forma. A primeira-ministra britânica, Theresa May, alertou os parceiros que a União Europeia vai perder "muito dinheiro" com a saída do Reino Unido. Por outro lado, os países do Leste Europeu temem a dominação franco-alemã e da zona do euro.
A saída dos britânicos priva países como Polônia, Hungria e República Checa de seu principal aliado contra a centralização excessiva de Bruxelas. Eles também têm medo que os 27 passem a funcionar exclusivamente em função dos interesses dos países da zona do euro. Todos sabem que falta maior coesão política ao bloco. Só que ninguém achou até agora a fórmula para superar o impasse. Enquanto ele durar, a União Europeia seguirá enfraquecida, ameaçada pelo populismo e paralisada.
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