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França/Eleições

Fillon: ternos de luxo oferecidos por amigo contradizem discurso de austeridade

François Fillon, o candidato da direita conservadora à eleição presidencial francesa, volta às manchetes nesta segunda-feira (13). Em entrevista ao jornal Les Echos, ele detalha seu programa fiscal e tenta se manter vivo na campanha, embora apareça eliminado no primeiro turno, segundo diferentes pesquisas.

Capa dos jornais franceses Les Echos e Le Figaro desta segunda-feira 13 de março.
Capa dos jornais franceses Les Echos e Le Figaro desta segunda-feira 13 de março.
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O que causa mais impacto, porém, é a repercussão de uma revelação do Journal du Dimanche (JDD) deste domingo (12): os ternos de luxo usados pelo candidato são pagos por um amigo generoso, que já quitou a "módica" soma de € 48.500, cerca de R$ 162.000, em despesas de alfaiataria nos últimos quatro anos.

Fillon afirma que não há mal nenhum em ser presenteado por um amigo, mas ele parece ignorar, como assinala a imprensa, que todo presente cujo valor ultrapassa € 150, ou seja, R$ 500, deve ser declarado à comissão que zela pela transparência da vida pública.

A notificação foi criada para evitar crimes de corrupção e tráfico de influência. Se a denúncia do JDD não for bem explicada, Fillon pode estar envolvido em mais uma infração. O efeito também pode ser devastador para a imagem do candidato, que defende receitas amargas para os franceses e vive cercado de luxo.

Vendo a nova polêmica inflar, Fillon se declarou "vítima de perseguição" e atacou os "jornalistas que fuçam [seu] lixo". "Hoje sou alvo de tal número de ataques que só posso considerar uma forma de perseguição", declarou à emissora de rádio Europe 1. "O que explica que jornalistas fucem meu lixo para tomar conta de meus ternos, amanhã de minhas camisas e, por que não, de minhas cuecas?", indagou o ex-primeiro-ministro.

Programa fiscal penaliza assalariados

Na entrevista ao Les Echos, Fillon confirma que, se eleito, irá aplicar um "programa de choque" de competitividade para relançar a economia e fortalecer o poder de compra dos franceses. O plano, orçado em € 50 bilhões, será financiado por cortes nas despesas públicas e pela alta de 2 pontos em uma das alíquotas da taxa TVA, o imposto do valor agregado, cobrado na França na venda de produtos e serviços. Inicialmente, Fillon previa aumentar a TVA indistintamente, mas a medida considerada injusta socialmente vai poupar o setor da construção civil, assim como contas de bares e restaurantes.

O candidato conservador também defende uma reforma drástica da legislação trabalhista, com o fim das 35 horas de trabalho semanais, um teto para as indenizações trabalhistas e a passagem da idade mínima legal da aposentadoria dos atuais 62 para 65 anos.

No início da campanha, o ex-premiê apresentou um programa de austeridade que chocou setores da sociedade pela redução na proteção social dos franceses. Com o escândalo dos supostos empregos fictícios de sua mulher e de dois filhos, além de suspeita de enriquecimento ilícito, ele suavizou suas propostas. Fillon reiterou nesta segunda-feira que irá se manter na campanha mesmo se vier a ser indiciado na justiça, em uma audiência programada na próxima quarta-feira.

Le Figaro lembra que ele tem seis semanas para convencer os eleitores.

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