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Programa do candidato socialista francês critica austeridade

O candidato socialista à presidência francesa, Benoît Hamon, apresentou nesta quinta-feira (16) seu programa de governo, apoiado por intelectuais franceses como o economista Thomas Piketty.

Benoît Hamon, candidato socialista à presidência na França
Benoît Hamon, candidato socialista à presidência na França REUTERS/Pascal Rossignol
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Seu projeto de 30 páginas retoma pontos defendidos pelo candidato durante a campanha das primárias da esquerda: o salário universal, a taxação dos robôs, uma transição para as energias renováveis e a instauração de uma nova República.

Mas o programa, batizado de “Um Futuro Desejável e Possível”, também utiliza ideias dos seus concorrentes das primárias de janeiro Arnaud Montebourg e Vincent Peillon e dos ecologistas e radicais de esquerda.

O projeto se apoia principalmente na retomada dos investimentos e no aumento do poder aquisitivo da população e rompe com a política de combate ao déficit público do presidente François Hollande.

"No que diz respeito às finanças públicas, as políticas de austeridade falharam. Hoje temos de inverter a lógica: primeiro investir no futuro, no emprego, na competitividade, na prevenção de riscos, na saúde, na proteção do meio ambiente e dos trabalhadores. Esse é o caminho mais seguro para reduzir seriamente e permanentemente o déficit e a dívida", diz o documento.

O programa é apoiado por nomes como o economista francês Thomas Piketty, que recusa associações com o Partido Socialista (PS). Em entrevista ao jornal Le Monde desta quinta-feira (16), Piketty declarou não estar "nem aí" para o PS. "Estou aqui para conversar diretamente com Hamon e sua equipe, não com correntes e sub-correntes [políticas] de um partido", afirmou.
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O programa de Hamon, que prevê muitas despesas, não detalha os meios para financiar suas promessas. Para concretizá-las, o candidato fala na “hipótese de crescimento potencial de 1,3% do PIB”. “Somos ambiciosos, mas sérios. Excederemos sem dúvida em um primeiro momento o déficit de 3%, mas, no final do governo, entregaremos as finanças públicas com 3% máximo de déficit”, garante o codiretor da campanha, Jean-Marc Germain.

Serviços públicos

Além de suas ideias sobre a Europa expostas na semana passada e de suas propostas econômicas e fiscais, o candidato socialista prevê investir em setores que falam diretamente ao eleitorado de esquerda: educação, ecologia, serviços públicos, cultura etc.

Ele propõe, por exemplo, a inclusão na lei de uma "garantia de serviços públicos a menos de 30 minutos de qualquer localidade". O objetivo é combater o esvaziamento das zonas rurais e suburbanas. Ele também promete "revalorizar" os funcionários.

Quanto à educação, Hamon anuncia o recrutamento de "40 mil professores em cinco anos" e "7.500 empregos em universidades e laboratórios", investindo “€ 1 bilhão por ano em pesquisa”, além do estabelecimento de "um limite máximo de 25 alunos por turma no ensino médio". Ele também quer criar "um serviço público de reforço escolar" e "redefinir" o mapa escolar para "promover a diversidade social e acadêmica."

Ecologia

No quesito ecologia, ele quer proibir os perturbadores endócrinos, implementar um imposto sobre o carbono, eliminar o diesel até 2025 e pedir que "pelo menos 50% de refeições orgânicas" sejam servidas nos restaurantes.

Até 2025, ele quer que as energias renováveis representem 50% do total, com a meta de 100% em 2050, juntamente com um encerramento das atividades das usinas nucleares em 25 anos.

Uma conferência  da 6ª República será convocada para estabelecer uma nova Constituição. Para "evitar conflitos de interesses," Hamon quer obrigar todos os candidatos a uma eleição a "publicar uma lista com seus principais doadores".
 

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