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Le Monde destaca retaliações a fraudes no comércio da carne brasileira

 O jornal Le Monde que chegou às bancas na tarde desta terça-feira (21) traz uma grande matéria repercutindo as revelações da operação Carne Fraca no Brasil.

O jornal Le Monde desta terça-feira (21) traz matéria repercutindo as revelações da Operação Carne Fraca no Brasil.
O jornal Le Monde desta terça-feira (21) traz matéria repercutindo as revelações da Operação Carne Fraca no Brasil. Reprodução
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Com o título "Carne estragada: o Brasil face às primeiras retaliações comerciais", o vespertino destaca que a União Europeia, a China, a Coreia do Sul e o Chile já decidiram interromper as importações de carne das empresas investigadas e que o setor emprega "mais de 7 milhões de pessoas no Brasil" e "representa 15% das exportações do país". A foto que ilustra a matéria é a do presidente Michel Temer, ao lado de Nelson Manuel Cosme, embaixador de Angola, na churrascaria onde convidou diplomatas estrangeiros em Brasília.

"Com um ar falsamente descontraído ele comeu, ao lado de cerca de 20 representantes de países estrangeiros, linguiça, cordeiro, filé e diversos dos mais saborosos pedaços bovinos de uma churrascaria, um “barbecue” tipicamente brasileiro. Uma hora depois, o presidente brasileiro Michel Temer deixou o restaurante Steak Bull em Brasília, certo de que os diplomatas haviam ‘compreendido perfeitamente’ a mensagem", publica Le Monde.

Início de “pânico”

"No entanto", continua o jornal, mesmo com a refeição estimada em 14 mil reais, o chefe de estado não pode conter um início de pânico ligado ao escândalo da Carne Fraca, a carne estragada do Brasil". "Nós pedimos ao Brasil de retirar imediatamente todos os estabelecimentos implicados nesta fraude", declarou ao Le Monde Enrico Brivio, porta-voz da União Europeia para a exportação.

"Os industriais são suspeitos de terem falsificado a qualidade das carnes comercializadas no mercado nacional e estrangeiro através de uma vasta organização criminosa, levada em cumplicidade com agentes do Ministério da Agricultura, pagos com subornos. Cerca de 37 pedidos de prisão foram emitidos, dois deles visando diretamente responsáveis do alto escalão das empresas JBS e BRF", explica Le Monde.

Promiscuidade entre público e privado

"O escândalo "carne fraca" reforça a imagem desta proximidade doentia entre o poder público e o setor privado no Brasil, atualizada pela Operação Lava Jato, em 2014: um vasto escândalo de corrupção misturando a empresa de petróleo pública, a Petrobras, gigantes como a Odebrecht e políticos de todas as cores", publica o vespertino.

"Poderes públicos e indústrias tentam minimizar o escândalo, afirma Le Monde, citando Francisco Sergio Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA): "Não podemos generalizar... 99,5% do setor funciona normalmente, oferecendo produtos sadios; é um absurdo misturar, generalizar, vender a ideia de que o Brasil não vale nada, que tudo está podre".

A matéria, assinada por Claire Gatinois, correspondente do Le Monde no Brasil, termina com a fala da professora da Unicamp, a especialista Marise Aparecida Rodrigues Pollônio, entrevistada pelo jornal: "No caso das irregularidades mencionadas, nenhuma apresenta risco para a saúde", assegurou ao jornal francês.

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