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França/Eleições

Imprensa sublinha "sinceridade rara" de candidatos nanicos no debate presidencial

A imprensa francesa analisa nesta quarta-feira (5) o debate de ontem entre os 11 candidatos à eleição presidencial francesa, o segundo da campanha, mas o primeiro com todos os concorrentes. É consensual que os seis candidatos nanicos foram a principal atração da noite, promovida pelos canais BFMTV e CNews.

Philippe Poutou, o candidato do Novo Partido Anticapitalista (NPA), que arrancou aplausos da plateia que assistiu o debate.
Philippe Poutou, o candidato do Novo Partido Anticapitalista (NPA), que arrancou aplausos da plateia que assistiu o debate. REUTERS/Lionel Bonaventure
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Sem precisar se importar com a passagem ao segundo turno, os candidatos com menos de 5% nas intenções de voto puderam apresentar suas ideias com uma sinceridade rara no debate político, sublinha a imprensa, questionando os códigos estabelecidos.

Segundo o diário econômico Les Echos, os nanicos, de tendência nacionalista, trotskista, anticapitalista e independente, puderam martelar na cabeça do eleitor sua visão sobre o futuro do país. Uns focando seu discurso na defesa dos trabalhadores pobres e desempregados   caso da trotskista Nathalie Arthaud e do anticapitalista Philippe Poutou  , outros insistindo no nacionalismo e na saída da França da zona do euro, convencidos de que todos os males franceses são relacionados com a perda de soberania do país dentro da União Europeia.

Melhores momentos

Le Monde destaca os melhores momentos da noite. Por exemplo, quando o anticapitalista Philippe Poutou, o quarto a falar, abordou a questão da ética na política. Ele foi o primeiro a condenar o conservador François Fillon e a representante da extrema-direita, Marine Le Pen, ambos alvo de inquéritos na justiça por desvio de dinheiro público. Sobre Fillon, ele disse que é um político "cheio de histórias de fraudes e corrupção". E continuou dizendo que Marine Le Pen é igual. "A Frente Nacional [o partido da candidata] se apresenta como antissistema, mas tira dinheiro dos cofres públicos e depois busca proteção atrás da imunidade parlamentar", acusou o representante do partido NPA.

Le Monde considerou Marine Le Pen apagada no debate sobre economia, mas virulenta quando falou de terrorismo, com a frase de efeito: "A França é uma universidade de jihadistas".

O jornal Aujourd'hui en France, que costuma distribuir notas aos candidatos, considerou o debate de quatro horas de duração "cansativo", porém com alguns momentos de trocas incisivas. O jornal avalia o desempenho dos concorrentes segundo vários critérios, como precisão de ideias, estilo, fair-play, combatividade e qualidade de comunicação.

Para o Aujourd'hui en France, apenas dois candidatos tiveram um bom desempenho: o anticapitalista Philippe Poutou e o centrista Emmanuel Macron. Funcionário da Ford em Bordeaux (sudoeste), Poutou apareceu na tela como um homem "simples, modesto, combativo e empático, defendendo os interesses dos trabalhadores", escreve o diário. Já Macron, que lidera as pesquisas ao lado de Marine Le Pen, soube se defender na opinião do jornal, "desviando de todas as flechadas dos rivais".

O conservador Le Figaro e o Les Echos consideram que "o debate virou rapidamente uma confusão, porque os nanicos atacaram para serem ouvidos". Era a proposta da noite.

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