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ETA entrega arsenal à França e confirma desarmamento total no sábado

O grupo separatista basco ETA anunciou nesta sexta-feira (7) que já entregou todas as suas armas a representantes da sociedade civil na França. O governo espanhol preveniu que não haverá contrapartida com este desarmamento unilateral da organização que, depois de 40 anos de violência, causou a morte de 829 pessoas.

"O povo quer viver" em basco é a frase pintada no muro no centro de Bayonne, capital do País Basco francês, em 7 de abril de 2017
"O povo quer viver" em basco é a frase pintada no muro no centro de Bayonne, capital do País Basco francês, em 7 de abril de 2017 REUTERS/Regis Duvignau
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"O ETA entregou as armas à sociedade civil. Estão em território francês", declarou o militante ecologista basco "Txetx" Etcheverry, explicando que desde o ano passado tem a responsabilidade política e técnica do desarmamento do ETA. Fizemos isso", afirmou Etcheverry, que se apresenta como um "artífice para a paz".

O militante não comunicou detalhes sobre as "modalidades", que indicou que são "confidenciais", nem sobre o que acontecerá depois com o arsenal composto por armas e explosivos. "A partir deste sábado, especialistas farão uma série de verificações", indicou "Txetx" Etcheverry,, referindo-se aos membros da Comissão Internacional de Verificação, uma estrutura não reconhecida por Madri nem Paris, que supervisiona a aplicação do cessar-fogo declarado pelo ETA em 2011.

Mesmo com a aparente marca pacífica do anúncio, fonte próxima às forças de segurança indicaram que a polícia francesa, junto a especialistas em desminagem, estão mobilizados no País Basco francês, "prontos para intervir".

Na quinta-feira (6), a organização separatista armada basca confirmou que no sábado concluirá seu desarmamento, após mais de 40 anos de violência e mais de 800 vítimas fatais.

O Partido Nacionalista Basco (PNV, conservador), o 'Euskadi Ta Askatasuna' (País Basco e Liberdade), considerado "terrorista" pela União Europeia (UE), também anunciou que está pronto para se desarmar incondicionalmente em 8 de abril.

ETA: uma história de terror

Mais de 4.500 pessoas se somaram em dois dias a um manifesto promovido por diversos organismos, inclusive pela associação de vítimas do ETA, no qual pedem um fim sem impunidade ao grupo separatista armado basco. Os signatários afirmam que "a primeira coisa que deve ser exigida da organização terrorista, e de seu enredo político, é a condenação da história de terror do ETA. Além disso, se mostram contrários a flexibilizar a política penitenciária contra os presos do eta;

O manifesto, publicado na internet há três dias, contrasta com outro apresentado na quarta-feira (5) pela maioria dos partidos políticos bascos, com exceção do conservador Partido Popular, no qual exigiam que os governos francês e espanhol facilitassem o desarmamento do grupo separatista.

Governo espanhol é sem concessões "com quem causou tanta dor"

O governo espanhol, porém, mantém a sua postura: "Não haverá transações nem concessões com aqueles que provocaram tanto sofrimento, tanta dor e tantos anos de medo", disse o ministro do Interior, Juan Ignacio Zoido.

"A organização separatista basca não vai obter nada em troca de seu desarmamento unilateral, anunciado para sábado", também alertou o porta-voz do governo da Espanha, Íñigo Méndez de Vigo. "Que o ETA saiba que não deve esperar nada do governo, que não obterá qualquer benefício político. Que se desarmem e que se dissolvam e é isso o que devem fazer, mas não vão obter nada de um Estado democrático como o espanhol", acrescentou, assinalando que essa é a posição inalterada do governo de Mariano Rajoy frente ao ETA. Ele também afirmou que devem pedir perdão e ajudar a "esclarecer os crimes que não foram esclarecidos. Isso é importante para as vítimas", insistiu.

Em outubro de 2011, o grupo anunciou sua renúncia definitiva a mais de quatro décadas de luta armada pela independência do País Basco e Navarra, durante as quais foi acusado de 829 assassinatos, o último em 2010 na França. Seu último atentado ocorreu em 2010, quando assassinou um policial na França, elevando o balanço final de mortes atribuídas à organização a 829.

Até agora, o grupo rejeitava o desarmamento e a dissolução unilateral exigida por Paris e Madri e pedia uma negociação sobre a situação de seus presos. No entanto, recentemente o governo regional basco anunciou que o ETA estava pronto para se desarmar incondicionalmente em 8 de abril.

Este gesto de sábado será acompanhado por celebrações organizadas por associações e partidos bascos em Bayonne, no sudeste da França.

(Informações da AFP)

 

 

 

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