Marine Le Pen nega responsabilidade da França na deportação de judeus e é criticada
A candidata da extrema-direita para a eleição presidencial francesa, Marine Le Pen, causou polêmica ao minimizar a participação da França na deportação de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Israel e boa parte da classe política francesa reagiram às declarações da líder do partido Frente Nacional (FN).
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"Acho que a França não é responsável pelo Vel d'Hiv", disse Le Pen neste domingo (9), em referência a um episódio histórico, ocorrido em 1942. Em julho daquele ano, as forças de segurança francesas prenderam, a pedido dos nazistas, mais de 13 mil judeus. Os detidos foram levados para o Velódromo de Inverno (Vel d'Hiv, na abreviação em francês) antes de serem conduzidos aos campos de extermínio.
Israel reagiu nesta segunda-feira (10) aos comentários da líder da extrema-direita. "Condenamos as declarações de Marine Le Pen", assinalou o ministério israelense das Relações Exteriores. "Essa declaração é contrária à verdade histórica, que foi expressada pelos presidentes franceses, que reconheceram a responsabilidade do país no destino dos judeus franceses que morreram durante o Holocausto", acrescentou.
Esse episódio de deportação foi, durante décadas, atribuído aos responsáveis políticos da época, e não ao Estado francês. Apenas em 1995 o então presidente da República, Jacques Chirac, reconheceu o papel da França. Desde então, nenhum líder político contestou a responsabilidade do país.
Indignação da classe política
Os principais concorrentes de Marine Le Pen na corrida presidencial reagiram às declarações da candidata do FN. O ex-primeiro-ministro François Fillon frisou que a França “já assumiu sua cumplicidade nesses crimes”. O socialista Benoît Hamon disse que a líder do FN “não gosta da História”, enquanto o favorito Emmanuel Macron disse que essa é “a verdadeira cara da extrema-direita”.
Essa não é a primeira vez que a Frente Nacional é envolvida em polêmicas sobre o Holocausto. O ex-presidente do partido e pai da candidata à presidência, Jean-Marie Le Pen, chegou a ser processado por ter dito que as câmaras de gás usadas para exterminar os deportados tinham sido apenas “um detalhe na história da Segunda Guerra Mundial”.
“Aos que pensavam que o FN havia mudado, as declarações desse fim de semana devem convencê-los do contrário”, declarou o grande rabino da França, Haïm Korsia.
Marine Le Pen se disse indignada com as reações à sua declaração. Ela lembra que sua posição é a mesma do general de Gaulle e do ex-presidente socialista François Mitterrand e afirma ser vítima de uma “operação de instrumentalização política”.
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