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Le Pen e Fillon seriam os candidatos mais beneficiados por atentado, dizem analistas

A dois dias da eleição presidencial francesa, o atentado da noite de quinta-feira (20), na avenida Champs-Elysées, em Paris, poderia influenciar o voto dos eleitores franceses?

Polícia patrulha a avenida Champs-Elysées nesta sexta-feira
Polícia patrulha a avenida Champs-Elysées nesta sexta-feira REUTERS/Benoit Tessier
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Essa foi o tema do programa da RFI “Débat du Jour” (Debate do Dia) desta sexta-feira (21), apresentado por François Bernard. Para discutir o tema, ele convidou o cientista político Olivier Rouquan e Cécile Lacroix-Lanoë, diretora do instituto de opinião Kantar Public.

No ataque, um policial morreu e dois ficaram gravemente feridos por um criminoso com um fuzil automático, que foi morto em seguida. Uma turista ficou levemente ferida no joelho.

“Não temos pesquisas após o atentado. Mas minha opinião é que ele terá um efeito limitado. Porque, ao mesmo tempo que há 25% de indecisos, há entre 2/3 e 3/4 de eleitores que estão seguros do seu voto. E os indecisos estão geralmente entre dois candidatos ou entre um candidato e a abstenção, então não há um grande leque entre todos os candidatos”, opina Cécile.

Para ela, “esse nível de incerteza não é anormal, é basicamente o mesmo a três dias da eleição presidencial de 2012”, vencida pelo atual presidente, o socialista François Hollande.

“Infelizmente esse ataque terrorista não é uma surpresa para os franceses. Desde os atentados contra o jornal Charlie Hebdo, em janeiro de 2015, a população vive com essa ideia da possibilidade de ataques no nosso território, como aconteceu em Paris em 2015 e em Nice em julho do ano passado. Além disso, o tema foi exaustivamente debatido durante a campanha”, completa.

Difícil medir impacto

Já Olivier Rouquan acha que “é muito difícil medir o impacto desse atentado sobre os eleitores”. “Porém é possível que ele tenha um efeito emocional sobre uma parcela do eleitorado. Talvez milhares, mas não milhões. Os candidatos que focam mais sobre o tema do terrorismo e da segurança poderiam se beneficiar um pouco.”

Para Cécile, Marine Le Pen, da extrema-direita, seria a principal beneficiada. “Ela é muito identificada com o tema do terrorismo e falou bastante sobre a questão ontem na TV (no programa “15 Minutos para Convencer”). Ela propôs a expulsão de todos os estrangeiros fichados por suspeita de terrorismo, e Le Pen é considerada a candidata com as propostas mais eficazes na área”, analisa.

Ela completa que François Fillon, do partido de direita Os Republicanos, também poderia se beneficiar “porque os eleitores conservadores têm uma grande preocupação com o terrorismo”. “Há muitas pessoas indecisas entre votar nele ou se abster, devido ao caso de supostos empregos fictícios dos seus familiares, que podem lhe dar o voto influenciados por esse atentado. E, como ele foi primeiro-ministro, muitas pessoas acham que ele tem a experiência e a solidez para dirigir o país em um momento de crise.”

Postura centrada

Rouquain diz que Macron, que pediu aos franceses para não ceder ao pânico e advertiu contra qualquer tentativa de capitalizar o ataque, “teve uma reação muito centrada, uma postura presidencial, de um candidato que se acusa de falta de experiência política”.

Ele opina que o eleitorado de direita e extrema-direita é mais suscetível ao tema do terrorismo.
Já sobre o candidato da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, Cécile avalia que os impactos do atentado serão reduzidos.

“Ele está em ressonância com seu eleitorado, que coloca a prioridade na questões de sociedade e econômicas, antes da segurança. Ele teve uma reação calma, muito diferente do candidato cheio de fúria de 2012.”

Entre os abstencionistas, Cécile acha que é Fillon que vai ganhar mais com o atentado. “O eleitorado da direita tradicional que decidiu não votar nele pelo escândalo de corrupção pode repensar essa decisão.”

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