Acessar o conteúdo principal

Imprensa francesa defende bloqueio total à eleição de Marine Le Pen

Depois de obter 23,7% dos votos, Macron é o favorito ao segundo turno da eleição presidencial na França. O centrista, que nunca concorreu a um mandato eletivo e fundou um movimento político independente há um ano (Em Marcha!), vai enfrentar a extrema-direita xenófoba de Marine Le Pen, segunda colocada, com 21,5% dos votos. A imprensa francesa já fez sua escolha e a ordem é impedir a eleição de Marine no Palácio do Eliseu.

Os jornais franceses avaliam com um certo alívio a qualificação do candidato social-liberal Emmanuel Macron para o segundo turno.
Os jornais franceses avaliam com um certo alívio a qualificação do candidato social-liberal Emmanuel Macron para o segundo turno.
Publicidade

A votação revelou duas mudanças de peso: os eleitores excluíram os representantes dos partidos tradicionais que governaram o país nas últimas décadas e estão abertos a testar nomes que nunca concorreram a um cargo público. A face sombria que emergiu das urnas é que o partido de extrema-direita Frente Nacional chegou ao segundo turno pela segunda vez em 15 anos e, apesar de a maioria dos demais partidos ter declarado apoio a Macron, não há garantias de que a ascensão da Frente Nacional tenha acabado.

Na avaliação do jornal Aujourd'hui en France, a votação demonstra que os franceses manifestaram um profundo desejo de renovação da classe política.

"Escolha óbvia entre a gripe e a cólera", diz Le Figaro

A direita foi a nocaute, diz em manchete o diário conservador Le Figaro. Em seu editorial, Le Figaro evoca "um grande desperdício", referindo-se à derrota do candidato da direita tradicional François Fillon, terceiro colocado no primeiro turno. "Pela primeira vez na história, a direita republicana não estará representada no segundo turno, e isso depois de fazer uma oposição ferrenha e vencer todas as eleições intermediárias durante o mandato do presidente François Hollande", observa o jornal. Porém, entre duas doenças   a gripe, que representa a eleição de Macron, mesmo sendo o sucessor de Hollande, e a cólera, que seria uma vitória de Le Pen, com consequências dramáticas para a economia francesa  , a escolha é lógica. "Marine Le Pen tem um programa econômico insano, que levaria a França a uma catástrofe política, social e financeira", adverte o Le Figaro.

O jornal de esquerda Libération também considera que ainda há um risco grande de retrocesso pelo fato de a extrema-direita ter obtido a maior votação em uma presidencial. Segundo o Libération, o segundo turno opõe duas correntes muito claras: o social-liberalismo e o nacionalismo. "Será uma questão de escolher entre a abertura e o fechamento, a Europa unida à França solitária e isolada. Em princípio, graças aos republicanos de todos os partidos, o jovem Macron vencerá a madrasta malvada", escreve o jornal. Diante da possibilidade de acirramento entre o povo e as elites, é melhor ficar vigilante, recomenda o Libération.

Salto no desconhecido

O jornal comunista L'Humanité nota que apesar do belo resultado do candidato da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, a escolha no segundo turno deverá ser feita entre o candidato do sistema financeiro, no caso Macron, que na avaliação do jornal representa o capitalismo com perdas sociais, e a candidata que encarna o ódio, a discriminação e a divisão da sociedade, Marine Le Pen.

O católico La Croix e o diário econômico Les Echos destacam a implosão dos partidos tradicionais. Para o Les Echos, que defende o liberalismo econômico, os franceses deram um salto no desconhecido ao virar a página dos últimos 50 anos de sua história política.

Le Monde evoca o alívio que a qualificação de Macron, o candidato mais pró-europeu, provoca nas instituições europeias em Bruxelas e em vizinhos como Alemanha, Bélgica e Itália. O jornal publica a mensagem de apoio a Macron do francês Michel Barnier, encarregado de negociar o Brexit para os europeus. "Patriota e europeu convicto, eu confio na vitória de Macron no dia 7 de maio", tuitou Barnier.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.