Discriminação durante campanha eleitoral aumentou homofobia na França
Os atos homofóbicos na França aumentaram consideravelmente em 2016, depois de dois anos em baixa. Esta é a conclusão do relatório anual da associação SOS Homofobia, único termômetro da evolução da questão no país, que atribui o crescimento ao grande número de declarações discriminatórias durante a campanha eleitoral.
Publicado em: Modificado em:
"O ódio contra pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgêneras (LGBT) persiste, aumenta e se instala profundamente em nossa sociedade", constata SOS Homofobia. No ano passado, a associação registrou 1.575 depoimentos de vítimas contra 1.318 en 2015, ou seja, um aumento de 19,5%.
Campanha eleitoral e preconceito
Em 2013, durante os polêmicos debates do casamento para pessoas do mesmo sexo, houve um pico de violência contra a classe, com 3.517 testemunhos. Passada esta fase, as agressões diminuiram e, em 2015, ficaram no mesmo nível de 2009.
Mais durante a campanha presidencial, principalmente durante as primárias da direita, "o discurso conservador, de ódio, foi amplamente reproduzido pelas mídias, o que estimulou os argumentos discriminatórios", analisa Joel Deumier, o presidente do SOS Homofobia.
Ele cita como exemplo as declarações do coletivo de associações contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, "Manif pour tous", retomado igualmente por seu braço político, o movimento "Senso Comum", um dos principais apoios do candidato fracassado da direita François Fillon, do partido Os Republicanos.
Joel Deumier também aponta a Internet - que define como um espaço de expressão que escapa à legislação - de servir de "cara para bater" para os homofóbicos. O relatório demonstra que 22,5% das agressões ocorrem no web, nos meios familiares (15%) e em locais públicos (14%).
No Twitter, hashtags violentos como "LesHomosexuelsDoiventDisparaitre (Os homossexuais devem desaparecer) ou EnsembleLuttonsContreLesPd (Lutemos juntos contra os pederastas) apareceram.
Transgêneros, vítimas mais vulneráveis
O paradoxo também é assinalado no estudo: se 2016 foi um ano histórico para os transgêneros franceses, que tiveram o processo de mudança de estado civil facilitado, os atos de violência contra a classe praticamente dobraram, passando de 63 em 2015 para 121 em 2016.
"As pessoas trans se percebem muito mais como vítimas, em um contexto em que sua visibilidade é mais forte e elas ressentem as discriminações de forma muito mais chocante", observa Deumier.
O perfil da vítima de homofobia, segundo o relatório de SOS Homofobia, é homem (57% das queixas), vive fora do conglomerado de Île-de-France (64%) e tem entre 25 e 50 ans (63%); 45% foram insultados e 13% sofreram agressão física.
A homossexualidade ainda é considerada um crime em mais de 50 Países.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro