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Cannes

Diversidade é o segredo do sucesso de Cannes

O Festival de Cannes, que vai até 28 de maio, é conhecido principalmente pela Palma de Ouro, o prêmio máximo da seleção oficial. Porém, o maior evento da Sétima Arte no mundo é formado por uma série de mostras paralelas, o que o transforma em uma das vitrines de maior diversidade do cinema contemporâneo.

Em sete décadas de história, Cannes reuniu talentos de vários horizontes.
Em sete décadas de história, Cannes reuniu talentos de vários horizontes. REUTERS/Regis Duvignau
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Enviado especial a Cannes

Quando foi inaugurado, em 1946, o Festival de Cinema de Cannes tinha entre seus objetivos principais concorrer com a Mostra de Veneza. Fundado em 1932, o evento italiano havia se tornado, nesse momento de pós-Guerra, uma vitrine da propaganda fascista contra a qual os franceses queriam se posicionar. Criado como o festival do cinema “do mundo livre”, Cannes se impôs aos poucos com uma sábia mistura de celebridades, filmes de qualidade e mostras paralelas que criaram a legitimidade do evento, como explica Olivier Thévenin, sociólogo e professor na Universidade Sorbonne Nouvelle – Paris 3. Especializado no festival de Cannes, ele é autor do livro Sociologie d'une institution cinématographique : La S.R.F. et la Quinzaine des réalisateurs, sobre a Quinzena dos Realizadores.

RFI – O Festival de Cannes chega a sua 70a edição. Qual foi sua principal contribuição para a história do cinema?
Olivier Thévenin – Sua contribuição foi importantíssima, primeiro para a indústria do cinema, pois ele foi criado contra a Mostra de Veneza da Itália fascista da época como uma forma de promover a indústria francesa, que também estava concorrendo com outras indústrias de cinema na Europa. Desde seu nascimento, Cannes foi visto como um projeto diplomático e econômico, mesmo se com o tempo ele se tornou mais artístico. Em sua criação o projeto era acompanhar a visibilidade, a audiência e a economia do cinema europeu de vocação internacional.

RFI – Como Cannes se posiciona hoje com relação a seus concorrentes?
O.T. – O Festival de Cannes tem a capacidade de ser várias coisas ao mesmo tempo. O que mais se comenta é seu lado midiático, que é impressionante. Estima-se que em termos de diversidade e número de jornalistas e profissionais da comunicação durante o festival, Cannes tenha mais cobertura na mídia que os Jogos Olímpicos! Mas, paralelamente, é um local de descoberta de filmes inovadores. É também um lugar que concentra as atenções da indústria com o Mercado Internacional, onde filmes podem ser comprados para exibição no mundo todo, mas também onde os produtores e diretores podem encontrar recursos financeiros para fazer outros filmes. Cannes se destaca por sua influência e pela qualidade de sua programação.

RFI – Falando de mercado, Thierry Frémaux, o delegado-geral de Cannes, disse certa vez que o grande erro da Mostra de Veneza foi justamente não ter feito um mercado de filmes. O senhor concorda com essa afirmação?
O.T. – Esse é um dos aspectos, pois a Mostra ficou confinada em um espaço que é magnífico, mas muito pequeno. O evento não pode se desenvolver, com infraestruturas à altura de um grande festival internacional. Mas Cannes se destaca também pela concentração de bons filmes, o que se deve certamente à diversidade de duas seleções. Além das competições principais (Oficial e Un Certain Regard), tem a Quinzena dos Realizadores, que é muito mais inovadora na escolha de seus filmes. Porém, essa mostra é capaz de gerar uma dinâmica de descoberta de filmes mais marginais que deixam de ser marginais em alguns anos. Sem esquecer a Semana de Crítica, outra seleção paralela. Essa diversidade de olhares, de pontos de vista e de modos de seleção é certamente o que dá a Cannes as qualidades que outros festivais não têm.

Acompanhe a cobertura do Festival de Cannes no site da RFI.
 

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