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Investigação contra ministro divide partido de Macron na França

A justiça francesa anunciou nesta quinta-feira (1) a abertura de uma investigação preliminar por supostas irregularidades sobre uma transação imobiliária que envolve Richard Ferrand, ministro do presidente Emmanuel Macron. Este é o primeiro escândalo do governo Macron que preconiza, entre suas diretivas, a “moralização da vida pública”.  

O anúncio da abertura de investigação contra Richard Ferrand, ministro da Coesão Territorial, coincide com a apresentação nesta quinta-feira (1) de uma nova lei sobre a ética na política que o chefe de Estado havia prometido durante a campanha eleitoral.
O anúncio da abertura de investigação contra Richard Ferrand, ministro da Coesão Territorial, coincide com a apresentação nesta quinta-feira (1) de uma nova lei sobre a ética na política que o chefe de Estado havia prometido durante a campanha eleitoral. REUTERS/Eric Feferberg/Pool
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O anúncio da abertura da investigação pelo Ministério Público da França de Richard Ferrand, ministro da Coesão Territorial, coincide com a apresentação nesta quinta-feira (1) de uma nova lei sobre a ética na política, a chamada “lei de moralização da vida pública”, uma promessa do chefe de Estado durante a campanha eleitoral.

Em apenas duas semanas de governo, o presidente Emmanuel Macron, que fez da ruptura com o sistema de regalias da vida pública francesa um dos carros-chefe de sua campanha, precisa gerenciar duas denúncias. A primeira envolve Ferrand, acusado de favorecer sua mulher. O fato, ocorrido em 2010, foi denunciado pelo jornal francês Le Canard Enchaîné.

Na semana passada, o jornal revelou que a companheira de Ferrand teria sido beneficiada pela concessão de um contrato de aluguel por parte de uma seguradora na qual ele era então o diretor geral (1998-2012). Também é investigado um contrato de seu filho, que trabalhou vários meses como assistente parlamentar do atual ministro.

Embaraço e hesitação: o primeiro “teste de stress” de Macron

O embaraço causado pelas denúncias dividiu políticos do partido República em Marcha, criado por Emmanuel Macron, às vésperas das eleições legislativas francesas, quando o chefe de Estado tentará garantir uma maioria parlamentar na Assembleia Nacional.

Segundo o jornal Libération, “chamamos isso na área das finanças de teste de stress”. “No topo da pirâmide, cerra-se os dentes”, detalha o periódico progressista. “[O primeiro-ministro] Edouard Philippe renovou na terça sua ‘confiança’ em Ferrand, e na noite do mesmo dia, no canal de TV France 2, declarou estar ‘perfeitamente consciente’ da exasperação dos franceses face às sucessivas denúncias”, publicou o Libé.

Edouard Philippe reconheceu ainda que se tratam de “práticas antigas, não ilegais, mas que não podem mais ser toleradas”. Já o ministro da Justiça de Macron, François Bayrou, manteve-se calado até o momento. “Eles estão tentando usar uma estratégia de amortização do impacto. Não respondem à imprensa para não fornecer à mídia elementos que alimentem essa novela”, afirmou uma personalidade conhecida do marketing político francês ao jornal Libération, preferindo se manter no anonimato.

Sébastien Nadot, candidato do partido República em Marcha nas legislativas em Toulouse, declarou que "mesmo que estes fatos não sejam ilegais, eles não estão de acordo com a base do movimento". Outro candidato do partido, que preferiu não se identificar, fez coro a Nadot:  "a ideia não é de mudar as caras, mas as práticas. Se, no fim, acabarmos fazendo como todos os outros, isso vai incomodar".

Acendendo o sinal de alerta para o governo francês, uma pesquisa de opinião publicada na quarta-feira (31) revelou que a maior parte dos eleitores franceses desejam que o ministro acusado renuncie –70% querem a saída de Ferrand.

Justiça francesa volta atrás e decide investigar

A Promotoria havia considerado anteriormente que os fatos denunciados não constituíam uma infração, mas “após uma análise de elementos complementares", a justiça francesa decidiu solicitar à polícia a abertura de uma investigação preliminar. "Ela terá o objetivo de reunir todos os dados que permitam uma análise completa dos fatos e entender se estes são suscetíveis ou não de constituírem infração penal", declarou o promotor Eric Mathais em um comunicado.

Richard Ferrand nega categoricamente ter cometido qualquer irregularidade e descartou a possibilidade de renunciar ao cargo. Mas em plena elaboração de uma lei sobre a “moralização da vida pública”, cujo projeto será apresentado à imprensa nesta quinta-feira (1) pelo ministro da Justiça, François Bayrou, o caso fragiliza a posição de Ferrand. O ex-socialista foi um dos primeiros políticos a anunciar apoio à candidatura Macron e conta neste momento com o apoio do presidente francês e de seu primeiro-ministro, Edouard Philippe.

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