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Legislativas

França "popular" abandona as urnas a cada eleição, diz Aujourd'hui en France

O assunto dos principais jornais franceses não poderia ser outro na manhã desta segunda-feira (19) seguinte às eleições legislativas: a vitória do República em Marcha, partido do presidente Emmanuel Macron, que vai governar com ampla maioria na Assembleia francesa. No entanto, a alta abstenção, de 57,36%, preocupa a imprensa do país.

Os jornais franceses repercutem os resultados e a alta abstenção do segundo turno das eleições legislativas francesas.
Os jornais franceses repercutem os resultados e a alta abstenção do segundo turno das eleições legislativas francesas. Reprodução
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O jornal Aujourd'hui en France destaca a baixa participação de pouco mais de 43% do eleitorado francês na votação de ontem, 12 pontos a menos que nas últimas eleições legislativas, em 2012, batendo o recorde de décadas. O que é mais preocupante, segundo o diário, é que o grupo dos abstencionistas é dominado por jovens, trabalhadores e operários, ou seja, a França "popular", que vem abandonando as urnas a cada votação.

Em editorial, o jornal considera que o voto em direção aos extremos no primeiro turno da eleição presidencial, em maio, e a abstenção recorde no segundo turno das eleições legislativas são a prova da revolta e do desdém dos franceses com o atual sistema político. "Vamos esperar que essa tendência seja revertida nos próximos cinco anos", conclui o diário.

Maioria absoluta, responsabilidade absoluta

Com a maioria absoluta, a responsabilidade de Macron também é absoluta, escreve o diário em seu editorial Le Figaro. o jornal lembra que as projeções, antes da votação de domingo, eram um pouco mais otimistas, mas é inegável que a performance do partido, tanto na eleição presidencial, quanto nas legislativas, foi um verdadeiro tsunami. Mas, atenção, escreve o editorialista, "apesar das aparências, governar não será uma tarefa fácil", sobretudo em um momento de forte desgosto do eleitorado com a classe política.

"Podemos nos habituar a tudo, mas a sequência de resultados eleitorais deste domingo será sempre extraordinária", escreve o jornal Libération. "Vindo de lugar nenhum, Macron está por tudo hoje", salienta. "Poder hegemônico? Ditadura centrista?" - pergunta Libé, que acredita que a política francesa está longe deste fenômeno, visto que "a constituição está intacta, as liberdades públicas são respeitadas, e a oposição ainda se mantém nas grandes cidades e regiões francesas.

No entanto, para o jornal, será difícil para o governo conservar sua posição "nem de esquerda, nem de direita". Para Libé, as primeiras medidas tomadas por Macron, sobre o estado de emergência, a educação e a reforma do código do trabalho, foram conservadoras. Essa oscilação pode afastar parte da base vinda da esquerda no governo e o eleitorado mais progressista.

Uma nova história será escrita

A manchete do jornal Les Echos é "Aposta Ganha", estampando uma foto do presidente e seu primeiro-ministro, Edouard Philippe, e uma infografia da Assembleia francesa dominada pelo partido República em Marcha.

Em editorial, o diário econômico escreve que há cerca de um ano toda a classe política ria da audácia do então ministro da Economia que prometia revolucionar o sistema político francês, fundando o movimento Em Marcha. Um ano depois, Macron domina o cenário e uma nova história será escrita, escreve a editorialista. "Será que esse sistema funcionará melhor que o anterior e saberá reconciliar uma França dividida? Saberemos a resposta para esta pergunta quando o presidente provar que é possível fazer política de uma outra forma", escreve Les Echos.

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