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Crise

Defensor público pede ao governo francês água e comida para os migrantes de Calais

Água (para beber e tomar banho), comida, um local de descanso e um escritório para dar entrada na solicitação de asilo. Esses são, resumidamente, os requerimentos que Jacques Toubon, defensor público independente, faz ao governo francês para os cerca de 600 migrantes que perambulam pela região de Calais, no norte da França. Eles não têm comida, bebida e lugar para dormir.

Migrantes de Calais recebem refeições de ONGs
Migrantes de Calais recebem refeições de ONGs AFP
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Toubon se encontrou no dia 14 de junho com o ministro do Interior, Gérard Collomb, para tratar da situação, que ele qualficou como « excepcionalmente grave », após visitar a região.

O defensor publicou um relatório pedindo que seja colocado um fim ao atentado sem precedente aos direitos fundamentais mais básicos aos exilados, principalmente menores”.

“Os migrantes voltaram em massa à zona de Calais, um ponto de passagem para o Reino Unido, pois o governo de François Hollande agiu como se o problema estivesse resolvido após o desmantelamento do acampamento ilegal conhecido como ‘a selva’, em outubro de 2016”, escreve o jornal.

Diante da situação, o ministro do Interior reforçou as equipes de polícia na área. A distribuição de refeições foi interditada ao meio-dia, até que um padre ofereceu o espaço da sua igreja.

Assédio policial

Já a distribuição de refeições à noite, realizada por associações, são submetidas a um forte esquema policial. Os agentes aproveitam o momento para realizar detenções.

Além disso, a polícia usa gás lacrimogêneo contra os migrantes, às vezes muito jovens, e assedia os membros das associações que tentar ajudar centenas de estrangeiros em situação vulnerável.

Na prática, o primeiro pedido de Toubon é “acesso permanente à agua e a distribuição de refeições adaptadas às necessidades dos migrantes em condições dignas”.

Ele preconiza ainda que seja garantido « acolhimento especializado e o abrigo de menores e mulheres em locais situados em Calais ou nos arredores ».

Ele pede também “um local onde os refugiados possam descansar, se lavar e dar entrada em um pedido de asilo ». Atualmente para fazer a solicitação eles têm que ir até Lille, a 110 km. Porém as barreiras policiais tornam impossível a realização do trajeto.

Segundo o defensor, isso constitui um entrave à aplicação da convenção de Genebra. Ele lembra que vários eritreus são elegíveis ao status de refugiados.

Visita do ministro do Interior

Após a morte de um motorista polonês na terça-feira (20), em um acidente provocado por uma barricada de troncos instalada por migrantes em uma estrada perto de Calais, o ministro do Interior, Gérard Collomb, visitará a região nesta sexta-feira (23).

Ele disse que "não se pode permitir esses ataques à legalidade". "É necessário que os autores sejam julgados pelos tribunais", acrescentou.

A prefeita de Calais, Natacha Bouchart, do partido Os Republicanos (direita), denunciou "atos de grupos organizados que cometem crimes graves".

Um sindicato da polícia também reagiu, julgando que "Calais tornou-se uma zona de anarquia, cuidadosamente mantida por várias associações e atores institucionais".

Entre 400 e 600 migrantes vivem em Calais e seus arredores na esperança de viajar clandestinamente para o Reino Unido.

Crise migratória

Desde o início da crise migratória em 2014, esta é a primeira vez que um fato dessa natureza, provocado pelos migrantes que desejam ir para a Inglaterra, acontece.

O veículo colidiu com um dos três caminhões bloqueados pela barricada e pegou fogo, matando o motorista, que ainda não foi identificado.

A polícia prendeu nove migrantes eritreus que haviam subido em um dos caminhões bloqueados.

De acordo com uma fonte policial, eles serão processados por "homicídio involuntário", "obstrução da circulação" e "por colocar em perigo a vida dos outros".

A instalação de barricadas na região, especialmente à noite, por migrantes desesperados que esperam retardar os caminhões com destino a Grã-Bretanha e se esconder neles, era comum até o desmantelamento do acampamento.

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