Ex-ministra da justiça, Christiane Taubira mescla poesia e política no Festival de Avignon
A ex-ministra da justiça da França, Christiane Taubira, figura emblemática da política francesa e autora da lei do casamento gay no país, é um dos grandes destaques dessa edição do Festival de Avignon. Conhecida amante da literatura e da poesia, ela foi convidada para selecionar centenas de textos que serão lidos diariamente, ao ar livre, por 70 atores e atrizes e alunos de Conservatórios. Taubira escolheu textos considerados “fundadores da democracia” e lembrou que “literatura e política bebem na mesma fonte”.
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“On aura tout” ("Teremos de tudo", em tradução livre) é o título desse evento, aberto ao público, que ocorre todos os dias no belo Jardim Ceccano de Avignon. Para a estreia da manifestação, nesse fim-de-semana, Taubira, acolhida com aplausos, já deu o tom do programa ao ler uma poesia de Léo Ferré, poeta anarquista francês e compositor: “A desordem é a ordem sem o poder”.
Ela aproveitou para lembrar que os “refugiados são nossos semelhantes”. E que a humanidade, nesse século 21, é convidada a efetuar um ato fundamental: “protegê-los”, lembrando uma frase do poeta chileno Pablo Neruda: "Eu quero viver num país onde não existam excomungados”. A ex-ministra, nascida na Guiana francesa, ressaltou os temas que estarão no centro dessa leitura: as mulheres, a pena de morte, a discriminação,os refugiados e as incertezas da democracia.
Política e poesia em praça pública
A leitura de textos no Jardim Ceccano de Avignon é um belo exemplo da diversidade desse festival. O diretor Olivier Py gosta de dizer que reserva uma parte da programação para um espaço mais vasto do que o teatro, a dança ou a performance, que ele chama de “espaço da indisciplina”.
Realizada pelo terceiro ano consecutivo, a manifestação resgata uma tradição do teatro popular na Grécia Antiga que levava à praça pública os questionamentos sobre a democracia. O formato é sempre o mesmo: a leitura de um grande texto, com duração de 50 minutos.
Para inaugurar o evento, cuja direção teatral fica a cargo de Anne-Marie Liégeois, Christiane Taubira fez questão de lembrar nesse sábado em Avignon, a importância de todos essas obras que a influenciaram em seu combate politico e em defesa dos direitos humanos.
Entre os autores selecionados Victor Hugo, Hannah Arendt, Jean Genet, Pablo Neruda ou o poeta senegalês Léopold Senghor, o primeiro africano a entrar na Academia Francesa. Ainda na programação, poetas ou escritores contemporâneos como a romancista turca Asli Erdogan ou o palestino Mahmoud Darwich.
“On Aura Tout” ficará em cartaz no Festival de Avignon até 23 de julho.
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