França cancela proibição de embalsamamento de soropositivos
O governo francês cancelou nesta quinta-feira (20) a proibição do embalsamamento de corpos de pessoas soropositivas. A decisão, que estava em vigor desde 1986, é considerada uma vitória pelas associações francesas que lutam contra a Aids.
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O medo da contaminação era o que motivava a proibição do embalsamamento de corpos de soropositivos. Ela também valia para pessoas mortas que tinham o vírus da hepatite. O cancelamento da medida foi publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial e passará a valer a partir do dia 1° de janeiro de 2018.
O embalsamamento é uma técnica realizada há mais de quatro mil anos. O objetivo é retardar a decomposição dos corpos substituindo o sangue por produtos antisépticos no sistema vascular. De acordo com dados oficiais, ela é realizada em um a cada três mortos na França.
Fim de uma situação indigna
Para o presidente da associação SOS Homofobia, Joël Dumier, a proibição do embalsamamento era uma discriminação e uma situação indigna para os soropositivos e suas famílias.
Já para o diretor-geral adjunto da associação Aides, Jean-Luc Romero, a medida era anacrônica. "Ela datava do tempo do terror do HIV, uma doença sobre a qual não sabíamos nada naquela época em que queriam até mesmo enterrar as pessoas em caixões de chumbo", diz.
O militante lembra também que nunca um profissional de funerária ou que realiza embalsamamento foi contaminado no contato com o corpo de um soropositivo. "A França era o único país a aplicar essa proibição, o que contribuía para que a doença permanecesse sendo tabu", reitera.
Ongs lutavam há vários anos pelo fim da medida
Há vários anos as associações de luta contra a Aids lutavam para que a proibição fosse cancelada. Quando o presidente francês, Emmanuel Macron, assumiu o poder, Ongs renovaram o pedido.
O decreto publicado nesta quinta-feira estabelece, no entanto, que pessoas que morreram da doença de Creutzfeldt-Jakob, raiva, cólera ou peste, não podem ser embalsamadas.
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