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França

Popularidade de Macron despenca em meio à polêmica sobre estilo obsessivo

A popularidade do presidente francês, Emmanuel Macron, desabou em agosto para 40%, o que representa uma queda de 14 pontos em um mês. A sondagem, feita pelo instituto Ifop, é publicada neste domingo (27) no "Journal du Dimanche" (JDD).

O presidente francês, Emmanuel Macron.
O presidente francês, Emmanuel Macron. REUTERS/Stoyan Nenov
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Macron enfrenta um momento de fortes incertezas: tem seu estilo considerado centralizador e autoritário criticado por opositores e ainda não deu provas de eficiência nas reformas.

O chefe de Estado perdeu 22 pontos de popularidade desde a primeira pesquisa realizada pelo Ifop para o semanário há três meses, logo após sua eleição. No mesmo momento de mandato, seu antecessor, o socialista François Hollande, tinha 54% em 2012. O conservador Nicolas Sarkozy era ainda mais popular, com 67% de apoio em 2007 no período equivalente.

A empolgação inicial com a vitória de Macron cedeu rapidamente e também atinge o primeiro-ministro Edouard Philippe. O político conservador, ex-prefeito de Le Havre, segue a mesma tendência e perdeu nove pontos no mês, passando de 56% para 47% de aprovação.

Em agosto, férias de verão na França, 36% dos entrevistados se declararam "mais ou menos satisfeitos" com Macron, um indicador que caiu 11 pontos. Já 4% se declararam "muito satisfeitos", uma redução de 3 pontos. O total de desaprovação pulou de 43% para 57%, distribuindo-se entre a categoria "mais ou menos insatisfeito" (37%, com uma alta de nove pontos) e "muito insatisfeito" (20%, cinco pontos).

Nessa sondagem, feita on-line e por telefone, o Ifop entrevistou 1.023 pessoas em 25 e 26 de agosto.

Ação sem resultados concretos

Macron apresenta na próxima terça-feira (29) as diretrizes de sua política externa em um contexto de críticas por sua suposta inexperiência e "arrogância", como apontou esta semana a primeira-ministra da Polônia, nas discussões sobre o endurecimento da legislação sobre os trabalhadores deslocados nos países do bloco. Um contraste em relação ao início do governo, quando ele brilhou em encontros da Otan e do bloco em Bruxelas, além da recepção impecável ao presidente americano, Donald Trump, nas comemorações de 14 de julho.

Internamente, o presidente é atacado por opositores insatisfeitos com o projeto de reforma trabalhista, que será apresentado definitivamente no dia 31 de agosto. Os decretos trariam vantagens aos empresários, retirariam direitos adquiridos pelos trabalhadores e sem garantias de que irão criar empregos.

Cortes e demissões

Os cortes de € 900 milhões de euros que Macron impôs nos ministérios, para manter a meta de déficit público exigida pela Comissão Europeia até o final do ano, também criaram fricções e a demissão do ex-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas em julho.

Neste sábado (26), cerca de 50 esposas de policiais e militares fizeram um protesto em Paris para denunciar o tratamento concedido pelo governo aos policiais e militares, que elas consideram "desrespeitoso". Nas ruas, elas reclamaram de atrasos de três a seis meses no reembolso de despesas efetuadas pelos militares em missões no exterior.

O jornal Le Monde publicou uma reportagem na semana passada mostrando que a redução do número de assessores nos ministérios, uma exigência de Macron, e as cobranças por SMS feitas diretamente pelo presidente estão provocando crises de estresse no alto escalão. Uma assessora do Ministério da Economia se demitiu recentemente depois de sofrer um "burn out" por excesso de trabalho. As jornadas costumam ir das 7h à meia-noite, assinala a reportagem.

Obsessivo no controle de sua imagem e da comunicação do governo, Macron ainda se viu no meio de uma polêmica esta semana quando o canal de televisão BFMTV revelou que o Palácio do Eliseu pagou € 26 mil, cerca de R$ 96 mil, para a maquiadora do presidente.

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