Acessar o conteúdo principal
Imprensa

Apesar de lei contra magreza, anorexia é regra nas passarelas francesas, diz jornal

O jornal Aujourd'hui en France desta quinta-feira (7) traz uma reportagem especial sobre a magreza extrema das modelos na França. Mesmo após a aprovação de uma lei no início de 2016 para lutar contra o problema e o decreto adotado em maio deste ano obrigando a aplicação da medida, os dados reunidos e as entrevistas realizadas pelo diário mostram que a anorexia ainda é regra nas passarelas. 

A magreza extrema das modelos na França é manchete nos jornal francês Aujourd'hui en France desta quinta-feira (7).
A magreza extrema das modelos na França é manchete nos jornal francês Aujourd'hui en France desta quinta-feira (7). REUTERS/Benoit Tessier/File Photo
Publicidade

"Top Models ainda muito magras", é a manchete de uma minuciosa reportagem do Aujourd'hui en France. De acordo com o jornal, o tamanho 32 é a norma de uma profissão que continua sob a pressão de criadores de algumas marcas e agências de modelos. 

No entanto, dois grupos do setor do luxo, Kering e LVMH, que representam Gucci, Louis Vuitton e Dior, decidiram criar uma cartilha comum, divulgada na quarta-feira (6) e que começará a ser aplicada por essas duas gigantes da moda no mundo inteiro. Entre as medidas, está a não contratação de modelos que vistam um tamanho menor que 34 para as sessões de foto, desfiles e campanhas publicitárias. 

Mas nem todos estão de acordo com essa mobilização. Há quatro meses, entrou em vigor um decreto que obriga os médicos do trabalho a emitir certificados de saúde provando que as modelos não são extremamente magras e não sofrem de anorexia. Entretanto, os profissionais que emitem esses documentos já convenceram a Direção Geral do Trabalho da França a reescrever o texto. Segundo eles, não é porque uma modelo tem um índice de massa corporal inferior a 17 - considerado magreza severa - que ela sofre de distúrbios alimentares. 

Modelos ingerem chumaços de algodão

A validade do certificado - dois anos - também é polêmica. De acordo com Victoire Maçon Dauxerre, uma ex-top model francesa entrevistada pelo Aujourd'hui en France, as modelos têm técnicas para emagrecer muito rápido. Ela mesma conta que perdeu 11 quilos em dois meses, comendo apenas três maçãs por dia. Segundo a jovem, para perder peso, as garotas chegam a ingerir chumaços de algodão, que não é digerido no estômago, mas traz sensação de saciedade.

Em outra matéria, a jornalista Elsa Mari conta as dificuldades para realizar a reportagem. "Espero que você não vá perguntar às modelos se elas se forçam a vomitar", disse a ela a assessora de imprensa de uma grande agência de modelo de Paris. 

Depois de passar dois dias entrevistando diretores dessas empresas, "caça-talentos" e manequins, a repórter se diz assustada com a pressão pela magreza. Ao participar de um casting, Elsa Mari descreve silhuetas raquíticas e jovens com corpos de criança. "Todas elas vestem tamanho 32", ressalta a repórter. 

Na matéria, médicos destacam os riscos que correm as garotas ao forçar a magreza extrema: fratura de ossos, perda de cabelos, infertilidade e problemas psíquicos. "Hoje não queremos mais ver as mulheres, mas as roupas que elas vestem", justifica uma caça talentos de uma agência de modelos de Paris à reportagem do Aujoud'hui en France desta quinta-feira. 
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.