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França/Macron

Macron assume ter chamado opositores a reformas de "preguiçosos"

O presidente francês, Emmanuel Macron, disse nesta segunda-feira (11) em Toulouse, no sul da França, que “assume totalmente” a declaração dada na sexta-feira (8), em visita a Atenas, diante da comunidade francesa no país, contra os “preguiçosos”.

Emmanuel Macron pronuncia um discurso na colina de Pnyx, em Athènes, na Grécia, no dia 7 de setembro
Emmanuel Macron pronuncia um discurso na colina de Pnyx, em Athènes, na Grécia, no dia 7 de setembro REUTERS/Aris Messinis/Pool
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Durante um discurso na capital grega, Macron afirmou que não cederia aos “preguiçosos, aos cínicos e aos radicais”, em referência às categorias que se opõem à sua política de reformas, principalmente a trabalhista. A fala do chefe de Estado desencadeou uma grande polêmica entre seus opositores.

Para o deputado do partido de extrema-esquerda, França Insubmissa, Adrien Quatennens, Macron “insulta o povo” e multiplica as “derrapadas”. Já o deputado francês Olivier Faure, do partido Socialista, diz que “independentemente de quem Macron estava visando, sua frase tem um ar de desprezo”. A imprensa francesa também publicou diversas matérias criticando o tom presidencial. O jornal Libération lembra que, ao ser questionado sobre quem eram os preguiçosos citados, o chefe de Estado respondeu: “a interpretação é livre”.

O presidente francês recusou as críticas e respondeu nesta segunda-feira que seu discurso “foi muito claro”, e que visava todos aqueles que “não querem mudar a Europa e a França e criar falsas polêmicas”, alfinetando seus opositores.” O porta-voz do governo, Christophe Castaner, também defendeu o chefe de Estado. “Macron visava aqueles que não têm coragem de fazer as reformas necessárias”, declarou.

Esta não é a primeira vez que uma citação de Macron, que praticamente não fala com a imprensa, surpreende a opinião pública. Quando foi ministro da Economia, durante o governo de François Hollande, chamou os empregados de um frigorífico no interior da França de “analfabetos”, ou aconselhou um membro da oposição a “trabalhar para pagar um terno”.

Entre outros comentários discutíveis está sua descrição das estações de trem e metrô na França, que ele resumiu como locais onde “cruzamos gente que se deu bem e outros que não são nada”.

Lenha na fogueira

Para Gaspard Gantzer, ex-assessor de comunicação de François Hollande, mesmo que a menção aos preguiçosos não tenha sido “uma fórmula pensada", ela vai ficar. "Foi uma fórmula infeliz. Por enquanto ele assume, mas dentro de pouco tempo fará tudo para voltar atrás do que disse”, declarou.

Para Bruno Cautrès, pesquisador da Sciences Po, a comunicação presidencial mistura palavras bem calibradas, improvisação, provocação e “inspirações líricas enviadas do Parthènon", disse, em referência à morada dos deuses da Mitologia grega. E resumiu a situação: “terminar uma frase com a palavra preguiça é jogar lenha na fogueira. As pessoas só vão se lembrar disso”.

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