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Fraca mobilização não deve reverter reforma trabalhista na França, analisa imprensa

A mobilização contra a reforma do Código do Trabalho na França, que levou milhares de manifestantes às ruas do país na terça-feira (12), está estampada na primeira página dos jornais desta quarta-feira (13). Uma mobilização fraca, afirma a maioria dos diários.

Manifestação em Toulouse contra a reforma trabalhista.
Manifestação em Toulouse contra a reforma trabalhista. ERIC CABANIS / AFP
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Libération é um dos únicos a afirmar que as manifestações de terça-feira foram um sucesso para a CGT, a central sindical que convocou o protesto. As passeatas reuniram em todo o país 500 mil pessoas, segundo os sindicatos, e 223 mil, segundo a polícia. “Os preguiçosos estavam na rua e fizeram um bom trabalho”, diz o jornal, fazendo referência a polêmica frase do presidente Emmanuel Macron que chamou, na semana passada, os trabalhadores contrários as reformas de preguiçosos.

Mas será que essa mobilização é suficiente para obrigar o governo a recuar? questiona Libération. De acordo com o jornal, “um paradoxo” marcou essa primeira jornada de ação contra a reforma trabalhista: a CGT ganhou, mas Macron não perdeu.

O presidente ganhou o primeiro round, reforça Aujourd’hui en France. O diário diz que o número de manifestantes na rua pedindo a retirada pura e simples dos decretos que flexibilizam o Código do Trabalho é insuficiente, diante da determinação do governo em adotar os textos visando lutar contra o desemprego em massa do país.

Agenda de reformas

Aujourd’hui en France diz ainda que Macron multiplica o anúncio de reformas, sobre o salário desemprego, a aposentadoria, a seleção para entrar nas universidades, o auxílio moradia, entre outras, com o objetivo de “saturar a agenda política e minimizar a contestação social”.

Otimista, o comunista l'Humanité diz que esse primeiro dia de protestos é um bom trampolim e vai impulsionar o movimento. Uma nova jornada de manifestações já está marcada para o próximo 21 de setembro, véspera da adoção pelo governo dos decretos que reformam a lei trabalhista.

Os opositores dizem que os textos facilitam as demissões, fragilizam a posição dos trabalhadores nas negociações com os patrões e limitam as indenizações em caso de demissões sem justa causa, favorecendo as empresas.

CGT fracassou

Para Les Echos, a CGT fracassou em mobilizar em massa os trabalhadores, sozinha, sem as duas outras grandes centrais sindicais do país, a Force Ouvrière (FO) e CFDT. As manifestações de ontem mobilizaram tanto quanto as primeiras passeatas, em 2016, contra a Lei El Khomri que, apesar dos protestos, foi adotada e iniciou a reforma do Código do trabalho na França, durante o governo do socialista François Hollande.

A pressão sobre o executivo atual não é grande e o governo confirma que vai manter integralmente os decretos. No entanto, a mobilização de terça-feira trouxe uma advertência: a presença de muitos jovens entre os manifestantes, aponta Les Echos.

Le Figaro escreve em sua manchete que a CGT anda em “círculos e o governo avança”, determinado a implementar a reforma, sem nenhuma emenda. O executivo julga que sua proposta, promessa de campanha de Macron foi validada, primeiro, com a vitória nas urnas do presidente e, depois, pelo voto no Parlamento que autorizou o governo a baixar os decretos.

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