Usinas nucleares francesas estão expostas a risco terrorista, diz relatório
Um documento divulgado pela ONG de defesa ambiental Greenpeace nesta terça-feira (10) alerta para os perigos potenciais das falhas de segurança das estruturas nucleares no país, principalmente as piscinas de resfriamento que estocam combustível radioativo.
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Durante 18 meses, sete especialistas de questões nucleares e do terrorismo, contratados pelo Greenpeace, simularam possíveis ataques contra as 19 centrais nucleares francesas. O objetivo foi identificar falhas de segurança e alertar o governo sobre o perigo existente.
Apenas sete cópias do documento foram entregues a membros do governo francês e organismos encarregados da segurança nuclear na França. O acesso à versão final do documento foi reservado a esse grupo seleto, mas diante das conclusões “alarmistas”, uma versão que exclui informações estratégicas foi divulgada ao público.
“A ideia é alertar a opinião pública e o governo, não inspirar indivíduos mal-intencionados”, disse Yannick Rousselet, do Greenpeace.
Segundo Yves Marignac, que participou da elaboração do documento, na época do lançamento do programa nuclear francês, a atenção das autoridades se concentrou na proteção do núcleo do reator, onde estão as pastilhas de urânio acondicionadas em barras, e onde ocorre a fissão nuclear. Mas a proteção das piscinas de resfriamento foi desconsiderada. “A evolução do risco terrorista em 40 anos muda tudo”, diz.
Daí a necessidade de rever a segurança das piscinas, que contêm centenas de toneladas de combustível nuclear usado e estão particularmente expostas a ataques de avião ou helicóptero. O motivo é que essas estruturas estão situadas fora do prédio onde fica o reator. Apenas uma parede de 30 centímetros as separa do exterior.
Segundo o relatório, as piscinas também não resistiriam a tiros de artilharia. Ataques dessa natureza, conclui o documento, poderiam provocar uma catástrofe nuclear de grande dimensão, colocando em risco a população situada até 250 km em torno das centrais.
Piscinas no noroeste do país são as mais frágeis
A ONG pede que a EDF, a empresa pública de energia elétrica e gás francesa, realize reformas para melhorar as instalações, um custo estimado em € 1 bilhão. A França possui 63 piscinas de combustível em cada um de seus 58 reatores. As quatro piscinas localizadas em La Hague, no noroeste o país, são consideradas pelos especialistas do Greenpeace como as mais frágeis.
Um porta-voz da EDF garantiu que, quando as piscinas foram criadas, a empresa levou em conta os riscos de terremoto, enchentes e ataques terroristas. A Areva, multinacional francesa do setor de energia, afirma que os procedimentos foram reforçados desde os atentados de 11 de setembro nos EUA.
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