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França

Reformas de Macron parecem mais de direita do que liberais, diz Le Monde

A imprensa francesa destaca nesta quarta-feira (11) as ações do presidente Emmanuel Macron em várias frentes. Le Monde enfoca um problema político do governo: as reformas anunciadas até agora são mais de direita do que se imaginava, traindo as promessas feitas pelo centrista para atrair votos do eleitorado de esquerda.

Visita de Macron à central de abastecimento de Rungis, durante a campanha presidencial.
Visita de Macron à central de abastecimento de Rungis, durante a campanha presidencial. Philippe Wojazer / POOL / AFP
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"Vários deputados da maioria presidencial estimam que o Executivo 'tende demasiadamente à direita'", escreve o Le Monde, lembrando que Macron foi eleito com a promessa de ser um dirigente "nem de direita, nem de esquerda". "O presidente dizia querer lutar contra os ganhos de capital e estimular os franceses a investir no setor produtivo, mas as medidas apresentadas no projeto de orçamento de 2018 mostram que o programa fiscal de Macron é muito mais conservador do que se pensava", observa o Le Monde.

O vespertino considera a tributação de 30% para aplicações financeiras uma boa medida. Lamenta, no entanto, a forte redução do imposto sobre a fortuna, que é substituído por uma tributação exclusiva ligada ao patrimônio imobiliário dos franceses. E aponta como maior lacuna do orçamento ter mantido isenções fiscais elevadas para doações e heranças, o que mantém o patrimônio concentrado nas mãos dos mais velhos.

Reforma no setor agrícola 

Em um discurso que fará esta tarde na maior central de abastecimento do país, em Rungis (região parisiense), Macron dirá aos produtores que tem propostas para estancar a guerra de preços imposta pela indústria agroalimentícia e pelas redes varejistas. Há tempos, os produtores se queixam da pressão para baixarem os preços, a ponto de trabalharem no vermelho. Eles enfrentam a concorrência de vizinhos europeus com mão de obra mais barata e menos exigências de qualidade impostas pela legislação francesa. Os produtores de frutas, legumes e de leite estão entre os mais afetados pela guerra do preço baixo.

Macron acredita que os franceses estão conscientes desta distorção e dispostos a pagar mais caro pelos alimentos que consomem, levando em consideração o custo real de produção. Mas em troca desta medida inflacionista, destaca Les Echos, o presidente espera uma verdadeira transformação do setor agrícola. A proposta do governo é a de um "new deal agroalimentar", explica o diário econômico. Os agricultores teriam de assumir o compromisso de gerenciar suas plantações e rebanhos como verdadeiras empresas, estima Macron, investir num modo de produção sustentável, mesmo representando um custo maior, e se unir para ter mais força nas negociações com os distribuidores.

O jornal Le Figaro acrescenta que o governo irá propor uma lei que tornará obrigatória a menção do custo de produção dos agricultores nos contratos fechados com a indústria e supermercados.

Funcionalismo insatisfeito; planos europeus adiados

Com imagens da manifestação dos funcionários públicos, durante a greve de 24h desta terça-feira (9), o jornal Aujourd'hui en France diz que Macron ignora "a bronca" nas ruas e continua a divulgar seu programa de reformas. Os sindicatos foram convidados pelo governo a discutir, a partir de amanhã, a reforma do programa de formação profissional, principal alavanca para diminuir o desemprego, sublinha Aujourd'hui en France. "Os protestos continuam, Macron também", diz a manchete do jornal.

As ideias de Macron para a União Europeia também recebem destaque na imprensa. Mas, nesse caso, Les Echos explica que a vontade do presidente de criar um orçamento comum para a zona do euro, não conta com a aprovação da Alemanha. O líder francês terá de aguardar a nomeação do novo governo de coalizão de Angela Merkel. 

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