“Arte precisa passar uma mensagem”, diz goiano de 15 anos que expõe obra em Paris
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O escritor, artista plástico e estudante Hector Ângelo, expõe entre os dias 20 e 22 de outubro uma de suas obras no Salão Art Shopping no Carrossel do Louvre, em Paris.
Aos 15 anos, ele desembarca na capital francesa como uma das apostas do curador austríaco Heinz Playner, dono de uma galeria em Viena. Ele conheceu o trabalho de Hector pelas redes sociais e convidou o artista goiano a enviar uma de suas obras para o tradicional evento comercial que é realizado paralelamente à FIAC, Feira Internacional de Arte Contemporânea.
“Nunca imaginei que viesse para cá, nem quando fosse velhinho. Para qualquer artista é um sonho realizado”, comenta Hector sobre a oportunidade de apresentar suas obras na capital francesa.
Até hoje, ao lembrar do convite de Heinz Playner, se recorda de como abordou o surpreendente convite: “No começo pensei que era uma pegadinha”.
Luta contra preconceitos
A escolha da obra para o Salão foi de um dos desenhos da coletânea “Eu sou a dor”, na qual Hector retratou cinco tipos de preconceito: a gordofobia, transfobia, homofobia, racismo e violência contra mulher.
“Escolhi homofobia porque o Brasil é o que mais mata pessoas LGBT no mundo e Goiânia é a cidade que mais mata travestis e transsexuais no Brasil”, justificou. “Visualmente é a obra que eu acho mais interessante e a que eu mais gosto e também pelos altos índices de preconceito contra essa população”, acrescentou.
A obra foi estimada em 2.500 euros pelo curador e poderá ser adquirida por qualquer participante do Salão.
Artes plásticas e literatura
Identificado desde muito cedo pela família e pela escola com uma alta habilidade para as artes, Hector começou a se expressar primeiro pelo desenho e logo aos sete anos escreveu seu primeiro livro “A girafa que foi ao espaço”. De temas infantis, o jovem evoluiu sua literatura para temas sociais e da atualidade que o instiga.
Seu livro “A transformação de Joca” rendeu um prêmio da Associação Sociocultura Atrevida, de Portugal, vinculada à Universidade de Lisboa. Seu último livro, “Depois do final feliz” (Editora Quarenta e Dois), ele questiona o padrão de beleza feminino imposto pelos contos de fadas e o empoderamento das mulheres. Lançado no Canadá, em setembro, o livro recebeu o Prêmio Concurso Literatura 2017 na categoria melhor projeto gráfico.
“Acho que arte não é só para ser bonita. Ela precisa passar uma mensagem. Como minha arte é visual, é fácil para as pessoas entenderem. Mas, atualmente muita gente pensa que a arte é muito distante. Tratar preconceitos faz com que as pessoas se identifiquem com os meus desenhos”, afirmou.
Apesar da juventude, Hector mostra maturidade e otimismo ao olhar para a geração de brasileiros que convive atualmente com um país em grave crise.
“O Brasil está em um momento difícil, mas eu vejo os jovens como uma oportunidade de melhora porque eles estão vindo com novas ideias. Eles têm muita criatividade, muita vontade e têm esperança. Vejo eles como o futuro, apesar de que o país não está no melhor momento, com a política, violência, preconceito, mas vejo como uma oportunidade de melhorar algo no Brasil”, afirmou.
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