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França

Surfe de metrô: conheça a nova e perigosa moda entre os jovens de Paris

Um jovem está entre a vida e a morte desde sábado (28) em Paris, depois de ter caído de cima do metrô. Poucos dias antes, na semana passada, um adolescente morreu ao escorregar fazendo "train surfing". A prática vem sendo vastamente difundida nas redes sociais do mundo inteiro e se tornou moda entre os adolescentes parisienses.

Algumas estações do metrô de Paris rede sem fio gratuita aos passageiros.
Algumas estações do metrô de Paris rede sem fio gratuita aos passageiros. Flickr/davidpc_
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O objetivo é se manter de pé no teto do metrô ou trem em movimento. Mas em tempos de redes sociais, a perigosa atividade agora só tem validade se for filmada e compartilhada na internet.

As imagens captadas pelas câmeras dos “surfistas” são vertiginosas. Eles se aventuram de metrô em metrô, se esquivando dos fios de alta tensão ou da entrada dos túneis. Às vezes agarrados às laterais do veículo, eles também se esquivam dos trens que chegam na direção contrária ou dos que estão estacionados na via férrea.

O arriscado esporte custa frequentemente a vida de jovens em busca de adrenalina. O caso mais recente é o de um garoto de 16 anos que morreu na semana passada ao cair do teto de um metrô no 15° distrito de Paris. No sábado, um rapaz de 20 anos foi transportado em estado grave ao hospital depois de escorregar de cima de um trem no município de Villejuif, periferia da capital francesa.

Não apenas os parisienses são vítimas do "train surfing": no ano passado, um britânico de 17 anos morreu ao se chocar contra a vidraça da estação Bir-Hakeim, por onde passa a linha 6 do metrô da capital.

Em comunicado, a RATP, rede de transportes públicos da capital, afirma que as vias férreas são um local perigoso e faz um apelo pelo fim "desta prática extremamente arriscada, que pode levar à morte". A pena para quem for preso praticando o "train surfing" na França é um ano de prisão e € 15 mil (equivalente a R$ 56 mil).

 

Prática é registrada em vários países

No entanto, a França não é o único país em que essa atividade faz sucesso. Uma rápida busca na plataforma YouTube mostra que, de Nova York à Melbourne, passando por Moscou, Kiev ou Londres, os "surfistas" utilizam os meios de transporte públicos para praticar esse "esporte".

A prática nasceu nos anos 1980 na Alemanha e se difundiu rapidamente na Rússia. Na origem, eram os jovens desempregados que viviam próximos às vias férreas que se aventuravam nos tetos dos trens e metrôs. "Não é um esporte, nem uma forma de desafiar as autoridades. É uma maneira que jovens desprezados pela sociedade encontraram para passar o tempo", analisa o sociólogo russo Alexandre Tarassov.

Surfista de trem inspirou música

No Brasil, vários acidentes foram registrados nos anos 1980, em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde o "surf ferroviário” se popularizou, ao ponto de inspirar a canção de Jorge Bem Jor W/Brasil, em 1992.

O mesmo contexto é observado entre os jovens sul-africanos que praticam o "staff riding", como o "train surfing" é a atividade chamada pelos jovens da periferia de Johannesburg. Em 2014, o fotojornalista italiano Marco Casino realizou o documentário "Surfing Soweto", no qual os surfistas férreos declaram que a prática é "uma forma de expressão e de exorcisar o ódio".

O diretor americano Adrien Cothier teve a mesma impressão ao filmar o documentário "Train Surfers" em Mumbai, na Índia. O filme mostra um grupo de jovens que animam seus dias brincando nos tetos de trens. "Pouco importa se arriscamos nossas vidas. Nos divertimos. O resto a gente vê mais tarde", declara um dos personagens.

 

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