Charlie Hebdo volta a ser ameaçado por crítica a teólogo do islã
O jornal satírico Charlie Hebdo voltou à mira de muçulmanos nesta semana, após estampar na capa uma charge crítica a um dos mais famosos pensadores do islã no mundo. O teólogo suíço Tariq Ramadan, professor da Universidade de Oxford, é acusado de agressão sexual por pelo menos quatro mulheres e não escapou da sátira do polêmico semanal francês.
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Na edição do dia 1º de novembro, Charlie Hebdo traz a etiqueta “estupro”, indicando um número especial sobre o tema. Ramadan aparece com uma ereção desproporcional e pronuncia a frase “Eu sou o sexto pilar do islã”, sob o título “A defesa de Ramadan”.
O teólogo, de 55 anos, é neto do fundador da organização islâmica egípcia Irmandade Muçulmana e é professor de estudos islâmicos. Popular entre os muçulmanos, ele é também muito criticado, especialmente nos meios laicos, que o veem como impulsor do islã político.
A charge provocou imediatamente a ira de muçulmanos na internet, que elevaram o hastag #CharlieHebdo aos trending topics do Twitter da França, na quarta-feira. Os comentários não se limitaram à simples desaprovação à capa ou insultos ao chargista Pierrick Juin, autor do desenho: diversos internautas proferiram ameaças de morte aos jornalistas do semanal ou pediram “um novo atentado” contra a redação do satírico.
Atentado não intimidou jornal
Em janeiro de 2015, 12 pessoas foram assassinados à queima-roupa na sede do jornal por dois terroristas islâmicos. Eles afirmavam vingar Maomé pelas capas precedentes do Charlie Hebdo que estampavam o profeta.
O jornal é conhecido por tratar com ironia os temas da atualidade, sejam políticos, econômicos, religiosos ou outros. Em fevereiro de 2015, o jornal Le Monde realizou um levantamento sobre as capas do Charlie Hebdo durante os 10 anos anteriores. O resultado apontou que, das 523 edições, 38 falavam de religião e apenas sete referiam-se ao islã – contra 21 abordando o cristianismo.
Apesar do ataque extremista, Charlie Hebdo se manteve fiel a sua identidade e não hesitou a persistir nas críticas a muçulmanos ou ao islã, como a outros cultos, em função das notícias da semana. Em agosto, o jornal havia suscitado mais uma vez a ira dos fiéis islâmicos, ao publicar na capa uma charge sobre o atentado realizado em Barcelona. O desenha mostrava as vítimas deitadas no chão e trazia a frase “Islã, religião de paz… eterna”.
Com informações da AFP
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