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Imprensa

"Do sexismo ao assédio sexual: como lutar?", questiona Les Echos

A onda de denúncias de mulheres contra agressões sexuais continua a ocupar as páginas da imprensa francesa nesta segunda-feira (6), que pede medidas urgentes contra o problema. O motivo é a divulgação de uma nova pesquisa do Instituto dos Estudos Demográficos da França que aponta que 128 mil francesas declararam ser alvo de ao menos uma violência sexual no trabalho em 2016. 

Jornal econômico Les Echos desta segunda-feira (6) lembra que oito em cada dez francesas afrontam episódios sexistas durante sua vida profissional.
Jornal econômico Les Echos desta segunda-feira (6) lembra que oito em cada dez francesas afrontam episódios sexistas durante sua vida profissional. RFI
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"Do sexismo ao assédio sexual: como lutar?", questiona o jornal econômico Les Echos, que aborda as violências sexuais contra mulheres nas empresas. O diário lembra que oito em cada dez francesas afrontam episódios sexistas durante sua vida profissional. Ainda assim, as empresas do país não têm a verdadeira dimensão do problema, avalia. 

Em editorial, o jornal afirma que é a cultura interna das instituições francesas e a organização hierárquica e masculina que fazem com que esse tipo de comportamento ainda persista hoje. Por isso, para o diário, é urgente que todos os empregados - especialmente aqueles que ocupam altos cargos - sejam formados para trabalhar de forma cooperativa e convivial com as mulheres. 

44% dos estupros na França são cometidos por namorados e maridos

Já o jornal Le Figaro trata de outro tabu na sociedade francesa: o estupro conjugal. O diário lembra a cada quatro casos de estupro registrados em 2015 na França, ao menos um foi protagonizado pelo namorado ou marido da vítima. 

Esse número, no entanto, deve ser muito mais alto, ressalta Le Figaro, já que boa parte das vítimas prefere se calar a denunciar o companheiro. Além disso, a justiça francesa alega ter dificuldade para tratar dos casos. Em 2015, 35 mil mulheres realizaram denúncias formais de agressões sexuais na França, e 44% deses casos foram de responsabilidade do companheiro da vítima. Mas apenas 7% foram considerados culpados de cometer violências sexuais contra suas namoradas ou esposas. 

O problema, avalia Le Figaro, começa nas delegacias: dos 150 mil policiais na França, apenas 1.300 receberam formação especial para tratar casos de agressões sexuais. Por isso, não é raro ouvir reclamações de mulheres que foram mal acolhidas ou desdenhadas nas delegacias. Além disso, lembra o jornal, o próprio código penal francês é falho: a noção da necessidade de consentimento para o sexo entre cônjuges entrou na lei francesa há muito pouco tempo. 

Apelo contra uma negação coletiva

"Violências sexuais: apelo contra uma negação coletiva", é o título de uma matéria no jornal Libération que trata de uma carta aberta asssinada por 100 personalidades francesas e enviada ao presidente Emmanuel Macron. "Na rua, no trabalho e em casa, a intolerância às violências sexuais deve se tornar uma norma", diz o documento. 

A carta aberta denuncia uma "cegueira coletiva insuportável" diante do problema e pede um plano urgente no país, que envolva empresas, escolas e uma campanha nacional de prevenção. 
 

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