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Medicina

Francês com 95% do corpo queimado sobrevive graças a transplante de irmão gêmeo

Médicos parisienses anunciaram nesta quinta-feira (23) um feito excepcional na área de transplantes. Eles conseguiram salvar um homem que estava com queimaduras em 95% do corpo graças ao transplante de pele do irmão gêmeo do paciente.

Cirurgião francês prepara um transplante de pele.
Cirurgião francês prepara um transplante de pele. JEFF PACHOUD / AFP
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Segundo Maurice Mimoun, diretor da unidade de cirurgia plástica no hospital Saint-Louis de Paris, esta é a primeira vez que médicos conseguem tratar uma superfície de queimadura tão extensa. Até agora, no mundo haviam sido registrados dois casos de transplante entre gêmeos de até 68% do corpo. Em seu estado, a probabilidade de sobrevivência do paciente Franck Dufourmantelle, de 33 anos, era quase nula.

A vantagem desta pele transplantada é que ela nunca será rejeitada pelo corpo. Franck está dispensado de tomar um tratamento imunossupressor, para evitar a rejeição, já que gêmeos idênticos têm o mesmo capital genético, explicam os médicos.

Acidente trabalhista

O francês ingressou no hospital no dia 26 de setembro de 2016, depois de sofrer um grave acidente trabalhista enquanto manipulava produtos químicos. "Eu estava despejando um galão de uma substância inflamável em um tanque, quando houve uma explosão e eu me queimei inteiro em 15 segundos", conta Franck.

Os médicos descobriram que ele tinha um gêmeo homozigoto (do mesmo óvulo), Eric. Ele aceitou ceder a pele e salvou a vida do irmão.

Franck passou por uma dezena de operações, incluindo os transplantes e intervenções para retirar a pele queimada, tóxica para o organismo, segundo o doutor Mimoun.

A primeira cirurgia aconteceu sete dias depois da hospitalização de Franck. Os irmãos foram operados ao mesmo tempo, com o objetivo de realizar o transplante de forma imediata. Os médicos repetiram o procedimento no 11° e no 44° dia da internação para cobrir a totalidade da superfície queimada.

Pele foi "ampliada" em máquina

A pele do doador foi retirada na forma de "camadas finas" do crânio, que cicatriza rapidamente, em menos de uma semana. Pequenos pedaços de 5 a 10 cm de largura também foram extraídos das costas e das coxas de Eric, que demoraram dez dias para cicatrizar.

No total, 45% da pele transplantada foi obtida por meio de uma máquina que ampliava os pedaços menores, num processo semelhante à fabricação de meias-calças femininas. O tecido era depois transferido para as áreas queimadas. "As pequenas feridas entre cada malha cicatrizam em 10 dias", disse o cirurgião.

Para o doador, as operações quase não deixaram marcas. "Talvez tenha uma pequena diferença de pigmentação", afirmou o médico.

Geralmente, pessoas com quase 100% do corpo queimado recebem a pele de um doador falecido, mas esta é sistematicamente rejeitada após algumas semanas e deve ser substituída.

Paciente voltou a caminhar

O paciente deixou a unidade de queimaduras do hospital de Saint-Louis em fevereiro, quase cinco meses depois da internação. Ele permaneceu internado até julho em um centro de reabilitação de Paris.

No momento, Franck, que voltou a caminhar, já está em casa e segue um programa de reabilitação, de acordo com Mimoun. "Ele mora com sua companheira, se dedica a suas atividades, o rosto e as mãos se recuperaram muito bem", disse.

O gêmeo, Eric, também está em bom estado de saúde e muito feliz por salvar o irmão, destacou o médico.

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