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Sebastião Salgado/França

Sebastião Salgado vira imortal das artes na França

O fotógrafo franco-brasileiro Sebastião Salgado foi empossado nesta quarta-feira (6), como o mais novo integrante da Academia de Belas Artes da França, em cerimônia oficial com direito a fardão, espada e muita pompa.

Sebastião Salgado durante discurso na Academia de Belas Artes da França, em Paris (6/12/17)
Sebastião Salgado durante discurso na Academia de Belas Artes da França, em Paris (6/12/17) Daniella Franco/RFI
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Reportagem de Patricia Moribe e Daniella Franco

“Estar aqui, neste local emblemático da cultura francesa, é para mim uma grande emoção. Nasci no Brasil. Tenho orgulho de minha origem. Eu as reivindico”, disse o fotógrafo em seu discurso de agradecimento na capela da Escola Nacional Superior de Belas Artes, à beira do rio Sena, em presença de outros acadêmicos, amigos e personalidades do mundo cultural francês.

Dois amores

“Mas eu sou brasileiro e francês. Tenho duas nacionalidades. Minha mulher Lélia e eu temos dois países, dois amores. A França que nos acolheu e está em nossos corações. E isso quero lhes dizer hoje com intensidade e respeito”, declarou.

“A França é muito importante para mim. Passei mais tempo aqui do que no Brasil, que é minha origem, minha raiz. A composição dessas duas nações fez o que sou hoje”, disse Salgado com exclusividade à RFI Brasil.

Sobre o reconhecimento, ele disse ser um “enorme privilégio fazer parte dessa concentração de mais de 200 anos de cultura francesa”.

Lágrimas de fotógrafo

Antes de subir ao palanque, Salgado ouviu a apresentação de outro acadêmico fotógrafo e amigo, o francês Yann Arthus-Bertrand – que ao contrário do brasileiro, é conhecido pelas cores abundantes de seu trabalho.

Arthus-Bertrand falou sobre a trajetória de Salgado, que saiu do vale do rio Doce, foi para Vitória estudar, conheceu os movimentos de esquerda e também a mulher de sua vida, Lélia, então com 17 anos, e ele, com 20.

 

Fotógrafo francês Yann Arthus-Bertrand discursou em homenagem a Sebatião Salgado.
Fotógrafo francês Yann Arthus-Bertrand discursou em homenagem a Sebatião Salgado. Daniella Franco/RFI

 

Num discurso embalado pela admiração e carinho, o francês emocionou Salgado, que não parava de enxugar as lágrimas. Arthus-Bertrand falou do exílio e das primeiras fotos, feitas para ajudar na tese de Lélia, e que se tornaram uma vocação. Depois vieram as viagens e dois filhos, Juliano, nascido em 1974, e Rodrigo, em 1979, nascido com síndrome de Down. “Como diz Lélia, Rodrigo é a mais bela lição que a vida lhes deu”, citou o fotografo francês.

São apenas quatro fotógrafos que integram o seleto clube que reúne outras áreas artísticas da Academia de Belas Artes, como pintura, escultura, arquitetura, gravura, composição musical e áudiovisual. Salgado foi eleito para substituir Lucien Clergue, morto em 2014, que foi o primeiro fotógrafo a fazer parte da instituição.

Heitor Villa-Lobos

Entre os convidados da cerimônia, estava o embaixador do Brasil na França, Paulo César Oliveira Campos. “É um momento muito especial, é a primeira vez que um brasileiro passa a integrar o Instituto da França”, disse o diplomata à RFI Brasil. “É algo excepcional porque ele é uma pessoa excepcional, ao longo de sua vida, ele fez mais que imagens, ele fez da fotografia uma filosofia de vida e uma forma de passar a mensagem sobre a sua forma de ver o mundo”, acrescentou o embaixador.

A cerimônia foi entremeada por três momentos musicais bem brasileiros e que também deixaram Salgado emocionado: “A Casinha pequenina”, canção tradicional com arranjo de Radamés Gnattali, “Prelúdio n°3 para violão em lá menor” e “Nesta Rua”, de Heitor Villa-Lobos. As intepretações foram da mezzo-soprano Chloé Debacker, Isabelle Vuong no piano e Lindolfo Bicalho no violão.

 

 

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