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Transporte/Paris

Sob pressão, prefeita de Paris propõe gratuidade no transporte público

Em dificuldades por causa da lentidão na oferta do novo Vélib’, o popular serviço de bicicletas da capital francesa, ou ainda por causa da proposta de transformação das marginais do Rio Sena em áreas restritas a pedestres, contestada por vários setores, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, tenta recuperar o controle sobre os transportes lançando a discussão sobre a gratuidade.

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo defende a gratuidade dos transportes na região parisiense. Foto do 10/03/18
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo defende a gratuidade dos transportes na região parisiense. Foto do 10/03/18 STEPHANE DE SAKUTIN / AFP
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"Nós estamos criando [uma nova proposta], e é claro que isso inclui assumir riscos. Devemos ir com tato", afirmou nesta terça-feira (20) a prefeita Anne Hidalgo, na abertura do Conselho de Paris, acrescentando que "se nós não pedirmos atos hoje, nunca mais falaremos sobre isso amanhã". Hidalgo fez as declarações durante a discussão do plano de biodiversidade da capital francesa, em votação nesta terça-feira. Mas ela também se referia às propostas lançadas no início desta semana sobre a questão dos transportes.

A prefeita havia anunciado na segunda-feira (19) um futuro "estudo sobre transporte público gratuito" para os parisienses, associando vereadores e especialistas. A "questão do transporte gratuito é uma das chaves da mobilidade urbana onde o lugar do carro poluente não é mais central", disse ela ao diário econômico Les Echos.

Financiamento

Esse modelo de negócios é viável? Como encontrar outras fontes de financiamento? Poderia uma taxa de congestionamento pagar pelo transporte gratuito urbano? “Estas são algumas das perguntas a serem respondidas até o final do ano”, disse Hidalgo à rádio France Bleu.

"Estou aberto a todas as novas idéias, de onde elas vierem", disse a opositora Valérie Pécresse, presidente de Os Republicanos (direita) da região de Ilê-de-France (Grande Paris) e chefe dos transportes regionais à Radio Classique, mas "não deve haver um euro a menos de receita para o transporte na região", avisou, alertando que a prefeita não poderia "tomar decisões sozinha".

Na manhã desta terça-feira, a prefeita de Paris anunciou ter "negociado” com donos de estacionamento uma taxa preferencial de € 75 por mês (contra € 140 em média) para os motoristas que entram em Paris e depois estacionam o carro, utilizando a seguir o transporte público.

Ela também proporá à votação do Conselho, que é realizada até quinta-feira (22), o reembolso, já anunciado em janeiro, do cartão Navigo (o equivale ao Transporte Único, no Brasil) para idosos e adultos com deficiência.

A oposição não perdoou o lançamento do debate sobre a gratuidade do transporte público. A prefeita, do Partido Socialista, foi criticada por deputados do República Em Marcha, partido no poder federal, como um “anúncio eleitoreiro”. Os deputados de Os Republicanos falaram em “irresponsabilidade” e “demagogia”.

Antipoluição: Alemanha e o transporte público gratuito

Para tentar reduzir o nível de poluição, a Alemanha propôs à Comissão Europeia em fevereiro deste ano um teste com transportes públicos gratuitos em cinco cidades-chave alemãs como Bonn, Essen e Reutlingen.

A ideia é diminuir o número de carros circulando nos perímetros urbanos, segundo declaração conjunta dos ministros alemães do Meio Ambiente, Transportes e Finanças, dirigida ao comissário europeu Karmenu Vella.

Se o teste nas cinco cidades-piloto obtiver resultados positivos, a medida deve ser imediatamente ampliada para outras cidades da Alemanha que ultrapassam o limite de poluição estabelecido pelas normas europeias.

A Federação de transportes alemã (VDV), no entanto, pede um reembolso de € 12 bilhões, caso isso aconteça e avalia que o sistema atual não tem capacidade para atender a demanda, caso o transporte se torne gratuito. Segundo o jornal francês Les Echos, a prioridade da chanceler alemã Angela Merkel seria evitar a proibição de circulação de veículos a diesel nos grandes centros urbanos, por causa da poluição.

No entanto, empresas como Volkswagen, Daimler ou BMW não cooperam e se recusam a investir em soluções técnicas que poderiam reduzir em 90% a poluição de seus carros, afirmando que a medida teria um custo adicional de € 1,3 mil por veículo.

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