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Foto/Mulheres/Brasil

Trabalho de mulheres, inclusive brasileiras, inspira fotógrafa francesa

A matéria-prima da fotógrafa francesa Olivia Gay é a mulher – no trabalho, em casa, no convento, na prisão. Seu trabalho, que inclui vários projetos feitos no Brasil, está em cartaz na Maison européenne de la photographie, a Casa Europeia da Fotografia, ou, simplesmente, a MEP.

"Doméstica", foto de Olivia Gay, no Rio de Janeiro, 2013.
"Doméstica", foto de Olivia Gay, no Rio de Janeiro, 2013. @ Olivia Gay
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Uma das fotos que mais chamam a atenção é da série “Contemplações”, que ela realizou no Rio de Janeiro, sobre as domésticas. A imagem mostra uma empregada de costas, com uniforme, na calçada facilmente identificável da capital carioca.

“Conversei com várias domésticas, acompanhei suas rotinas dentro das casas, mas justamente essa foto foi feita ao ar livre, a última do projeto. Não sei o nome dela, não quis interromper esse momento introspectivo da personagem”, falou Gay em entrevista à RFI.

A fotógrafa acaba de ganhar o prêmio Joy Henderiks, da HSBC, por seu trabalho nas últimas duas décadas. O banco HSBC comprou a foto da empregada para seu acervo e vai exibi-la em vários locais da França, fechando o périplo em Arles, em julho, onde acontece o grande encontro anual da fotografia na França.

Salimatu, Kolondimba, Mali, 2009.
Salimatu, Kolondimba, Mali, 2009. @ Olivia Gay

Trabalhadeiras

A mostra “Envisagées” na MEP faz um apanhado do trabalho de Olivia Gay, incluindo as rendeiras tradicionais de Calais, no norte da França, prostitutas em  Cuba, Argentina ou Brasil, presidiárias e religiosas. A artista também homenageia a mãe, grande fonte de inspiração.  

Tássia com cliente, Vila Mimosa, 2002.
Tássia com cliente, Vila Mimosa, 2002. @ Olivia Gay

O Brasil é um destino conhecido de Olivia. Primeiro foi vivenciando o dia-a-dia de prostitutas da Vila Mimosa, no Rio de Janeiro, durante um mês, em 2002. “Acompanhei principalmente duas mulheres, Rita e Tássia. Todos me falavam para tomar cuidado por causa da violência, pois houve um assassinato no local 15 dias antes de eu chegar. O lugar não me interessava tanto, eu queria era saber como viviam essas mulheres”, conta a fotógrafa.

O destino seguinte, em 2009, foi Salvador, através de uma residência de um mês durante o ano da França no Brasil. “Éramos três fotógrafos franceses e o tema era se inspirar na trajetória do icônico fotógrafo francês Pierre Verger, que viveu na Bahia. Resolvi estender o trabalho que já fazia na França sobre as mulheres e aplicá-lo em Salvador, ou seja, observando-as trabalhando em supermercados, táxis, centrais telefônicas, ou na intimidade de suas casas”. O resultado foi exibido na Pinacoteca de São Paulo, no mesmo ano.

Pescadora de Saubara, Bahia, 2009.
Pescadora de Saubara, Bahia, 2009. @ Olivia Gay

Casa Grande e Senzala

“Depois, ganhei o prêmio Web da Aliança Francesa do Brasil, que me abriu as portas para uma nova residência, dessa vez no Rio de Janeiro, onde resolvi me dedicar ao tema das empregadas domésticas.” Ela conta que a inspiração veio de Gilberto Freyre, depois da leitura de “Casa Grande e Senzala”. As fotos viraram um catálogo e uma exposição no Rio.

Olivia Gay trabalha atualmente com presidiárias, não só fotografando as presas, como capacitando-as a fazerem imagens. Outra temática em curso envolve mulheres em situação precária, que são abrigadas no Palais de la Femme (palácio da mulher), um edifício mantido pelo Exército da Salvação, em Paris. “Meus projetos são longos e os temas se cruzam”, explica a fotógrafa. “Eu também gostaria muito de voltar ao Brasil”, acrescenta.

Isabelle, rendeira de Calais, no norte da França.
Isabelle, rendeira de Calais, no norte da França. @ Olivia Gay

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