Críticas de Trump a atentados de Paris geram atrito com a França
O governo francês não gostou nada das críticas que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez a respeito dos atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris, quando 130 pessoas morreram em ataques coordenados, a cinco locais diferentes da capital. O Ministério das Relações Exteriores da França emitiu uma nota neste sábado (5) na qual “exprime sua firme desaprovação” aos comentários do americano e pede “respeito às vítimas” da tragédia.
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Na véspera, durante a convenção da NRA (Associação Nacional de Rifles), o poderoso lobby das armas nos Estados Unidos, Trump afirmou que “a história teria sido totalmente diferente” se ao menos uma pessoa estivesse armada na boate parisiense Bataclan e reagisse ao atentado. Na noite de 13 de novembro de 2015, três terroristas invadiram o local e mataram 90 pessoas, munidos de explosivos e fuzis de guerra.
“Cada país define livremente a sua própria legislação, na questão do porte de armas como em outras. A França tem orgulho de ser um país seguro, no qual a aquisição e a detenção de armas de fogo são estritamente regulamentadas”, contrapõe a nota do ministério. “As estatísticas de vítimas por arma de fogo não nos levam a questionar a escolha da França no assunto. A livre circulação de armas na sociedade não constitui uma barreira contra ataques terroristas: ela pode, ao contrário, facilitar a planificação desse tipo de ataque”, insiste o texto.
La France exprime sa ferme désapprobation des propos du président @realDonaldTrump au sujet des attentats du 13 novembre 2015 à Paris et demande le respect de la mémoire des victimes. https://t.co/kTbH0N9FRk
France Diplomatie???????? (@francediplo) 5 mai 2018
O governo francês explica ainda que, “graças à eficiência e ao profissionalismo” das forças especiais e à ‘bravura e o heroísmo” dos policiais, centenas de vidas puderam ser salvas durante os ataques, “planejados do exterior”.
Hollande e Valls indignados
Mais cedo, o ex-presidente François Hollande e o ex-primeiro-ministro Manuel Valls, ambos no cargo na época dos atentados, já haviam expressado indignação com os comentários de Trump. “Os comentários vergonhosos e os gestos obscenos de Donald Trump dizem muito a respeito do que ele pensa da França e de seus valores”, disse Hollande, em um comunicado. “A amizade entre os nossos dois povos não será maculada pelo desrespeito e os excessos”, completou. Já Valls se contentou em escrever no Twitter: “Indecente e incompetente. O que mais dizer?”.
Ao discorrer sobre o assunto, Trump afirmou que os terroristas não estavam com pressa e mataram as vítimas “uma a uma”, ao mesmo tempo em que simulou apontar uma arma e disparar várias vezes. “Bum, vem aqui. Bum, vem aqui. Bum, vem aqui", repetiu o presidente.
A Federação Nacional de Vítimas de Atentados e Acidentes Coletivos da França também se posicionou contra o que considerou palavras “de uma violência tremenda” em relação às vítimas. Em um tweet, publicado antes da divulgação da nota oficial da chancelaria, a federação pedia “uma reação” do governo francês.
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