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Sobreviventes do atentado no Bataclan abrem processo para averiguar falta de ação do exército

Vítimas do atentado do Bataclan abriram um processo “contra X” (sujeito ainda não identificado) por causa da ausência de reação dos membros da Sentinela, serviço especial do Exército, que se situavam próximos da casa de shows no dia 13 de novembro de 2015.   

Reabertura do Bataclan. 12 de Novembro de 2016.
Reabertura do Bataclan. 12 de Novembro de 2016. PHILIPPE LOPEZ / AFP
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As vítimas que sobreviveram ao ataque jihadista que deixou 130 mortos há três anos em Paris e Saint-Denis – dos quais 90 estavam na casa de show – denunciam a “não-assistência à pessoa em perigo”, de acordo com seus advogados Jean Sannier, Océane Bimbeau e Samia Maktouf.

A medida tem o objetivo de abrir uma investigação para “estabelecer as responsabilidades das decisões que foram tomadas” e para que “o Estado esclareça as missões da operação Sentinela”, criada após os ataques terroristas ao jornal Charlie Hebdo em 2015.

“Menos de um ano após sua criação, a Sentinela se encontrava frente a seu papel de proteger as populações civis em caso de ameaça terrorista e a explicação que recebemos é de que era normal não reagir. É preciso que alguém nos explique para que serve esta corporação”, afirmou Océane Bimbeau.

“Não estamos em zona de guerra, não coloquem os militares em ação”

Na noite do 13 de novembro, enquanto os três jihadistas faziam reféns entre os espectadores do Bataclan, oito militares da operação Sentinela estavam entre as primeiras forças de segurança que chegaram ao local, ao lado dos policiais.

Os Sentinela possuem fuzis que os deixam mais bem equipados com relação aos armamentos dos policiais, mas eles nunca receberam autorização para intervir na sala de espetáculos. A intervenção ficou por conta de um comissário de polícia e seu motorista, que mataram um dos jihadistas, antes da chegada, duas horas mais tarde, das forças de elite da polícia francesa Raid e BRI.

Diante de uma comissão de investigação parlamentar, um oficial de polícia contou que pediu a autorização para agir. “Ele explicou que recebeu a seguinte resposta da Delegacia de Paris: 'Negativo, não coloquem os militares em ação, não estamos em zona de guerra'”, explica o relatório da comissão.

“Proibiram a intervenção física, isto é, a entrada no Bataclan, mas também o empréstimo de material médico de primeiros socorros aos policiais”, afirma a advogada Samia Maktouf. A defesa das vítimas também chama de “fria e violenta” a declaração do general Bruno Le Ray, de que é “inadmissível colocar soldados em perigo na esperança hipotética de salvar outras pessoas”.

Para a associação de vítimas “Life for Paris”, que não se manifestou sobre o processo, abordar a questão da ausência de reação dos militares é uma ação “legítima”. Apesar dos repetitivos pedidos das vítimas, o assunto nunca foi incluído na investigação principal. “É deplorável que seja preciso abrir um processo para que os fatos sejam examinados seriamente”, diz Arthur Desnouveaux, presidente da organização.

Uma nova reunião entre os juízes de instrução encarregados da investigação do 13 de novembro e as centenas de partes civis envolvidas está prevista para o 12 de julho em Paris.

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