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Imprensa / Carrefour / Escândalo

Indenização milionária a ex-CEO do Carrefour causa indignação na França

O assunto foi capa do Jornal Libération, que ilustrou o tema com uma máquina caça-níquel e o símbolo da empresa desenhado três vezes, configurando o que seria um jackpot, o ganho máximo nos cassinos. Isso porque o ex-CEO sai da empresa com € 17 milhões (R$ 75 milhões) e uma aposentaria vitalícia de € 517 mil anuais (R$ 2,3 milhões). Ao mesmo tempo, milhares de funcionários são demitidos e mais de 240 lojas da marca Dia, que pertencem ao grupo, são fechadas.

Capa do jornal francês Libération desta sexta-feira, fala do exorbitante valor recebido pelo ex-CEO do Carefour.
Capa do jornal francês Libération desta sexta-feira, fala do exorbitante valor recebido pelo ex-CEO do Carefour. Reprodução RFI
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Em seu editorial, o diretor do jornal Libération, Laurent Joffrin, fez referência ao termo usado pelo presidente francês no início da semana, quando disse que "uma grana maluca" era gasta nos programas sociais, sem resultados positivos. Para Joffrin, a "escandalosa montanha de dinheiro" oferecida a Plassat, que saiu deixando o Carrefour "à beira do desastre", é no mínimo um constrangimento para Macron.

Segundo o jornal, a holding Phitrust, que representa empresas de seguros acionistas do Carrefour, enviou à direção do grupo perguntas sobre esses valores pagos ao ex-dirigente, que deixou o cargo no meio do ano passado. Phitrust quer saber qual foi o modo de cálculo usado para chegar a esse valor.

Aposentadoria

Outro ponto de interrogação é entender por que as recomendações das organizações patronais Medef e AFEP, que pedem para que não se indenize os grandes dirigentes por já receberem altos salários, não foram seguidas. Além disso, Plassat recebeu € 4 milhões por uma cláusula de não concorrência. O jornal Libération diz que é difícil imaginar que, aos 69 anos, Plassat volte a dirigir alguma empresa do setor. Por isso, para a publicação, o valor seria um bônus de aposentadoria disfarçado, sendo que o Carrefour já irá pagar uma renda vitalícia de € 517 mil por ano ao ex-dirigente.

Enquanto isso, 2.400 empregos foram fechados na sede da empresa. Nos hipermercados, outras 485 vagas foram cortadas. Enfim, o fechamento de 240 lojas Dia, que pertencem ao Carrefour, vão deixar 1.800 pessoas sem emprego. As demissões não param na fronteira francesa: o encerramento de lojas na Bélgica e na Argentina vai levar a outras 2.233 demissões.

Demissões

Na França, para conseguir que o bônus anual passasse de € 57 para € 557, os funcionários tiveram que fazer uma greve nacional no mês de março. A diferença no trato entre a alta hierarquia do grupo e o resto da empresa é o que choca os trabalhadores. Para Sylvain Macé, diretor nacional do sindicato CFDT (Confederação Francesa Democrática do Trabalho), essa situação vem se repetindo há muito tempo. "Não pode mais continuar como está. Além disso, esse contraste está travando toda e qualquer transformação na empresa", afirmou o sindicalista.

O Libération salienta que, em apenas seis meses, o novo CEO da empresa, Alexandre Bompard, que obteve ótimos resultados quando dirigia a FNAC, já recebeu quase € 2 milhões (R$ 8,5 milhões) em salários e bônus.

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