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Arles/Fotografia

Arles: pavilhão de bambu traz fotos que convidam à contemplação

No calor escaldante de Arles, no sul da França, uma enorme estrutura de bambu convida a uma pausa de imagens sob uma refrescante sombra. Vamos visitar a exposição “Contemplação”, parte dos Encontros de Arles, o principal evento da agenda fotográfica internacional.

Interior da maloca de bambu com fotos de Matthieu Ricard.
Interior da maloca de bambu com fotos de Matthieu Ricard. @Patricia Moribe
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Enviada especial a Arles

As imagens são assinadas pelo monge budista francês Matthieu Ricard, filho de um filósofo e de uma pintora. Após um doutorado em genética celular no Instituto Pasteur junto ao prêmio Nobel François Jacob, Ricard deixa o mundo ocidental para abraçar o budismo tibetano em 1972. Hoje ele vive no Nepal.

Multidão de monges indo receber um grande lama, Nepal, 1995. Cortesia do artista.
Multidão de monges indo receber um grande lama, Nepal, 1995. Cortesia do artista. Matthieu Ricard

Além de pensador, autor de livros e tradutor do Dalai Lama em países de língua francesa, Ricard também é fotógrafo há décadas. Em Arles, ele apresenta uma seleção de 40 fotos, acompanhadas de textos de outros pensadores, budistas ou humanistas, como Martin Luther King Jr. As imagens são todas em preto e branco, impressas sobre papel japonês artesanal.

Maloca desmontável

O local, à beira do rio Rhône, foi especialmente concebido para a exposição pelos arquitetos Simon Vélez e Stefana Simic. O pavilhão, todo de bambu, tem 1000 m2, e foi projetado para ser montado e desmontado, acompanhando uma exposição itinerante.

Em entrevista exclusiva à RFI Brasil, o colombiano Vélez conta que Matthieu Ricard viu seu trabalho na Bienal de Veneza, há dois anos: “Ele mesmo usou bambu para fazer escolas no Nepal, onde vive. Isso o levou a se interessar pelo material e daí o convite para esta estrutura”.

Estrutura de bambu da exposição "Contemplação".
Estrutura de bambu da exposição "Contemplação". @Patricia Moribe

Coisa de pobre

Vélez se inspirou nas malocas indígenas dos rios Orinoco e Amazonas, grandes estruturas com amplo espaço interior, sem divisões ou móveis, apenas redes. O bambu Guadua é uma vegetação renovável, mas estigmatizada.

“O bambu é abundante e barato, mas é considerado material de pobre, todos evitam”, conta Vélez. “Os pobres fazem suas primeiras casas com bambu, mas assim que podem, usam concreto. Os arquitetos locais também não gostam do bambu, que é um material extraordinário. Há três meses este bambu estava na floresta”, diz o arquiteto, tocando num pilar.

“Contemplação” também vai contar com a presença de Matthieu Ricard nos dias 28 e 29 de julho, em Arles. A palestra terá o acompanhamento da pianista clássica portuguesa Maria João Pires, que vai interpretar prelúdios e fugas de “O Cravo bem Temperado”, de Bach.

Imagem da maloca de bambu projetada pelo arquiteto colombiano Simon Vélez.
Imagem da maloca de bambu projetada pelo arquiteto colombiano Simon Vélez. @Patricia Moribe

 

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