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França/escândalo

Crise no governo francês: ministro do Interior não convenceu deputados em sabatina

Após as duas horas e meia de sessão da CPI que investiga o caso Alexandre Benalla, ex-segurança de Macron que foi filmado se passando por um policial agredindo manifestantes, a avaliação dos deputados da oposição é de que o ministro do Interior, Gérard Collomb, foi evasivo. O ministro se explicou diante da Assembleia Nacional nesta segunda-feira (23).

Comissão Jurídica: Audiência do Ministro de Estado, Ministro do Interior, Gérard Collomb : "Para esclarecer os fatos ocorridos durante a manifestação de Paris de 1º de maio de 2018"
Comissão Jurídica: Audiência do Ministro de Estado, Ministro do Interior, Gérard Collomb : "Para esclarecer os fatos ocorridos durante a manifestação de Paris de 1º de maio de 2018" Captura de vídeo assembleia nacional tv
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"Surrealista", resume o deputado do LR (Les Républicains, de direita) Éric Diard, membro da Comissão de Leis, encarregada de interrogar os integrantes do governo na Assembleia Nacional, sobre as declarações desta manhã, em que Collomb negou várias vezes ter conhecimento do caso Benalla antes de que este estourasse na mídia.

Diard foi um dos primeiros a interrogar o ministro do Interior e achou suas respostas na Comissão "insatisfatórias". Nos bastidores da Assembleia, se ouvia falar em "mentiras para proteger o governo". A opinião foi compartilhada pela deputada Daniele Obono, da esquerda radical La France Insoumise. Como Diard, Obono não acredita que Collomb possa ter ignorado os acontecimentos. Obono disse ainda que Collomb foge de suas responsabilidades e pensa que o artigo 40 do Código Penal não se aplica a ele.

O artigo 40 diz que todo funcionário público, no exercício de sua função, ao tomar conhecimento de um crime ou delito, deve reportá-lo imediatamente à Procuradoria da República. O "caso Benalla" veio à tona depois de vídeos divulgados pelo Jornal Le Monde, mas ainda assim o governo demorou para se pronunciar neste que já é considerado o maior escândalo do governo de Emmanuel Macron desde o início de seu mandato, em 2017.

“Tudo converge para o gabinete da Presidência da República”

O deputado Ugo Bernalicis, do La France Insoumise
O deputado Ugo Bernalicis, do La France Insoumise P. Varón

Para o deputado Ugo Bernalicis, do La France Insoumise, "tudo converge para o gabinete da Presidência da República". Ele diz estar certo de que Collomb sabia do caso e nada fez. "Isso é muito grande para passar despercebido", afirma. Perguntado se Collomb deve pedir demissão, o deputado disse que isso cabe a ele, mas que considera impossível crer na versão oficial dada pelo ministro.

O líder do Partido Socialista, Olivier Faure, disse que investigações exaustivas são necessárias para esclarecer o caso Benalla. "Eles não podem a cada dia culpar o vizinho. Queremos saber por quais razões este caso foi minimizado", afirmou.

O líder do Partido Socialista, Olivier Faure
O líder do Partido Socialista, Olivier Faure P. Varón

"Collomb respondeu "o mínimo possível', quando foi interrogado se teria comentado o caso com o presidente Macron no sábado (21). Isso mostra que ele sabia de muito mais do que ele afirma. Vamos continuar as sabatinas para entender como isso se passou no seio do governo francês", disse Faure.

Cerca de 80 jornalistas de todo o mundo acompanharam o depoimento de Gérard Collomb à Comissão. O balanço, por enquanto, é de que o governo está claramente escondendo algo. "Ele seria o ministro menos informado do governo", ironiza Faure. A situação do governo, segundo ele, é "grave". Os deputados governistas do LREM evitaram o contato com a imprensa.

“Clientelismo condenável”

O Secretário da Segurança Pública de Paris, Michel Delpuech, disse hoje na Assembleia Nacional que jamais foi consultado sobre a ida do assessor Alexandre Benalla à manifestação do 1° de maio, e soube do caso no dia seguinte. Ele também condenou o que caracterizou de “deriva inaceitável, calcada em um clientelismo doentio”.

Marine Le Pen, presidente do partido Reunião Nacional (ex-Frente Nacional) denunciou hoje, “a existência de um núcleo de segurança paralelo, que depende diretamente do Palácio do Eliseu, e que estaria na origem da obtenção por parte de Alexandre Benalla de uma série de privilégios, dos quais ele se aproveitou”. Segundo ela, “ a existência de uma polícia paralela é um fato preocupante e incompatível com uma democracia e com o Estado de direito.”

 

 

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