"Tempestade em copo d'água", diz Macron sobre escândalo envolvendo seu ex-segurança
O presidente francês, Emmanuel Macron, classificou nesta quinta-feira (26) o caso envolvendo um de seus ex-chefes de segurança como "uma tempestade em copo d'água". Apesar da tentativa de abafar o escândalo, o chefe de Estado não consegue calar as críticas.
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"Eu disse o que eu tinha a dizer, ou seja, que eu acredito que seja uma tempestade em um copo d'água. E, para muitos, é uma tormenta", declarou Macron a jornalistas em Campan, no sudoeste da França, onde se reúne com uma delegação de agricultores. "Isso não me afeta muito, não se preocupem", reiterou.
Na quarta-feira (25), o presidente francês conversou com a imprensa pela primeira vez desde que veio à tona o escândalo envolvendo Alexandre Benalla, um de seus assessores de segurança, demitido na semana passada. Vestido de policial, o agente espancou manifestantes que participavam dos protestos do 1° de maio em Paris.
"Vocês disseram muitas besteiras nesses últimos dias sobre salários e vantagens [atribuídos a Benalla]. Tudo isso é falso", declarou à jornalistas da televisão francesa na localidade de Bagnères-de-Bigorre, no sudoeste. Dizendo-se "orgulhoso" de ter contratado o segurança "porque era alguém dedicado e que tinha uma carreira diferente", Macron criticou seus opositores, que exigiam que o chefe de Estado se expressasse sobre o caso - o que levou dias para acontecer.
O presidente centrista de 40 anos, cuja popularidade despencou após o escândalo, chegando a 32%, também ressaltou que não teve a intenção de se esquivar. No entanto, a tentativa de acabar com o escândalo não convence a oposição, que ainda exige que Macron se dirija à população para se explicar.
Benalla admite ter errado
Alexandre Benalla admitiu nesta quinta-feira que "cometeu um erro" ao agredir dois manifestantes, mas denunciou que as pessoas que detonaram o escândalo querem "prejudicar" o presidente francês.
"Tenho a sensação de ter cometido uma grande idiotice. De ter cometido um erro (...). Nunca deveria ter ido a essa manifestação como observador, e talvez devesse ter permanecido à margem", afirmou Alexandre Benalla, em entrevista ao jornal "Le Monde".
Foi o próprio Le Monde que revelou o caso em meados de julho, mergulhando o governo Macron em sua pior crise política. Em um vídeo amador, vê-se Benalla, com um capacete e uma braçadeira da polícia, agredindo uma mulher e um homem nos protestos do Dia do Trabalhador em Paris.
As revelações de que a presidência estava a par do incidente e não informou a Justiça, como determina a lei, levantaram fortes críticas da oposição que viu nisso uma tentativa de acobertar o caso.
Indiciado por violência e usurpação de funções, Benalla disse "assumir" seu ato. "Não tenha uma teoria conspiratória", afirmou. "Mas, sobre o que aconteceu depois, tenho dúvidas. Havia, em primeiro lugar, um desejo de prejudicar o presidente da República. Disso não tenho dúvida", acrescentou.
"Tentaram me atingir (...) e era também uma oportunidade de atingir o presidente", apontou. Segundo Benalla, as pessoas que revelaram o escândalo fazem parte de "um nível muito alto", entre políticos e polícia.
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