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Cemitério/ França

“Os cemitérios vão desaparecer?”, pergunta o Libération

Um artigo no blogue do jornal Libération nesta sexta-feira (2) discute a questão de cemitérios e costumes de vários povos ao redor do mundo com relação aos mortos.

Cemitério de Montfort l'Amaury que data do século XII com claustro interno inscrito como monumento hitórico desde 1875.
Cemitério de Montfort l'Amaury que data do século XII com claustro interno inscrito como monumento hitórico desde 1875. Creative Commons/ Wikipédia
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No Japão, 99% são cremados, informa o jornal. Entre os Yanomami da Amazônia, estudados pelo francês Claude Lévi-Strauss, as cinzas dos mortos cremados são misturadas aos alimentos para que os falecidos sejam literalmente incorporados.

Na Antiguidade europeia ou na Índia de hoje, os cemitérios recebem principalmente cinzas. Libération conta que, na França, mais de um terço dos mortos são cremados. O ato conta com a aprovação de dois terços da população.

O Columbarium, que recebe as urnas dos mortos após a cremação no Père Lachaise em Paris.
O Columbarium, que recebe as urnas dos mortos após a cremação no Père Lachaise em Paris. CHRISTOPHE ARCHAMBAULT / AFP

Cinzas de Callas ao mar

Um aumento significativo em comparação ao 1% dos anos 1980, época em que o diretor italiano Federico Fellini terminava “E la nave va”, uma fábula na qual as cinzas de Maria Callas eram dispersadas no mar.

Em apenas uma geração, a morte mudou, conclui o jornal. As pessoas morrem, na maioria dos casos, em hospitais, de acordo com o desejo dos pacientes – ou dos próximos – para evitar o sofrimento de uma agonia que pode amedrontar.

Libération lembra ainda que a Igreja Católica não permitia a cremação até 1963. Já as igrejas protestantes não tinham a exigência de guardar o corpo físico. Isso poderia explicar, segundo o jornal, que países protestantes como a Dinamarca e a Suíça, sejam majoritariamente adeptos da cremação (quase 80% na Suíça). Outra tendência que se nota na França é que o rito religioso não está mais tão atado à morte. Hoje em dia, ¾ das cremações no país são em atos sem cerimônia religiosa. 

Cremação é a solução?

O blogue de Libération questiona as razões dessas mudanças. Estaria a terra poluída demais? A cremação é mais econômica, principalmente por tirar o peso da manutenção para as gerações futuras? Seria a cremação realmente orgânica, uma vez que as emissões carbônicas de uma cremação são catastróficas?

A cremação vai continuar essa tendência de crescimento?, se pergunta o blogue. Nada garante isso, uma vez que muitos que já viram uma cremação acham que o ato é muito violento. Mas é preciso levar em conta que o fogo libera as famílias da burocracia de um enterro tradicional. Além disso, é mais fácil também espalhar as cinzas num espaço público, no mar, em um jardim... até mesmo em um cemitério.

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