ONGs francesas lamentam falta de solidariedade no dia mundial da doação
Hoje é o Giving Tuesday, o dia mundial da doação. O movimento nasceu em Nova York em 2012 e este ano está sendo adotado por ONGs Francesas. Nesta terça-feira (27), o jornal Aujourd’hui en France destacou como as doações diminuíram drasticamente em 2018, chegando a uma queda de 24 % para algumas associações.
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Após o Black Friday e o Cyber Monday, chegou a vez do Giving Tuesday. O movimento criado nos Estados Unidos acontece logo após o famoso período das compras e das promoções na internet. A ideia é chamar a atenção das pessoas apelando para esse contraste: enquanto uns podem comprar, outros dependem de dons e da generosidade para conseguir viver.
Na França, as maiores associações escolheram esta data para lançar suas campanhas. A mais conhecida delas, inaugurada no fim dos anos 1980 por Coluche, um humorista francês, chama-se Restos du Coeur (Restaurantes do Coração, em português), e tem a missão de servir milhares de refeições diárias aos desafortunados. A ONG relata que vem recebendo centenas de cartas de idosos que dizem não poder mais doar por causa do aumento de uma taxa, a CSG, imposta pelo governo Macron, às aposentadorias. Outros não interrompem os dons, mas optam por diminuir o valor da ajuda.
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Mas o Restos du Coeur não é a única associação que milita por essa causa. Segundo a France Generosités, que reúne 97 associações e fundações, os dons diminuíram de mais de 6% na França no primeiro semestre. A queda para o ano de 2018 pode chegar a 15%, o que significa dezenas de milhões de euros a menos para causas nobres que lutam contra a exclusão social, a pesquisa médica, ou a proteção da infância.
Fim do imposto sobre fortunas também prejudicou doações
Além do impacto da CSG e do fim de mês cada vez mais difícil para muitas famílias modestas, as ONGs denunciam o fim do imposto sobre a fortuna no governo Macron. A medida, até então, fazia com que famílias abastadas optassem por doar, já que podiam abater os valores doados no imposto de renda.
O jornal Aujourd’hui en France questiona: estariam os franceses cada vez mais avarentos? “Não tenho a impressão de que as pessoas estão menos generosas. Muitos de nossos doadores são pessoas modestas. Os que são obrigados a encerrar suas doações o fazem com muita dor no coração”, afirmou Christophe Robert da Fundação Abbé Pierre de ajuda aos desfavorecidos.
Já a associação Socorro Popular está mais otimista. Por enquanto, a queda de 8% na média dos valores doados está sendo compensada pelo aumento no número de cheques recebidos (+3,5%) e nas doações pela internet (+30,5%). “O francês continua generoso e ajuda com o que pode. Ele está revendo os valores, mas continua doando”, afirmou Thierry Robert, diretor da associação, que lembrou que a generosidade não está somente relacionada ao dinheiro, mas sim na questão de fazer o bem para os outros.
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