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“Muro dos idiotas”: quadro de fotos de políticos de direita coloca em questão imparcialidade de magistrados franceses

Na França, a ex-presidente do sindicato dos magistrados franceses, Françoise Martres, comparece diante da justiça nesta semana, acusada de “injúria”. O motivo: a descoberta, no prédio do sindicato, de um quadro de fotos com vários políticos de direita, batizado de “Muro dos idiotas”. O caso, que data de 2013, levanta o debate sobre a imparcialidade dos envolvidos, suspeitos de agir de acordo com convicções políticas.

"Muro dos idiotas" mostra imagens de políticos de direita
"Muro dos idiotas" mostra imagens de políticos de direita Reprodução/YouTube
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No “Muro dos idiotas”, é possível ver imagens de várias personalidades francesas, como o ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, o deputado europeu, Brice Hortefeux, e a ex-ministra do trabalho, Nadine Morano – todos de direita. Toda vez que um político desagradava por alguma razão, sua foto fazia parte do mural, com a menção “Antes de acrescentar um idiota, verifique se ele já não está aqui”.

Para Clément Weill-Raynal, jornalista da France Télévision e autor das imagens que revelaram o caso, é preciso verificar a ética dos magistrados franceses. “Ser chamado de idiota não é algo tão grave, podemos rir disso. Mas há algo mais importante: saber se certos magistrados agem ou não com razões políticas”.

Mural de fotos mistura políticos da direita e vilões da ficção, como Darth Vader

No primeiro dia de seu processo em Paris, Françoise Martres disse que o muro era apenas uma “sátira” sem ligação com a imparcialidade dos magistrados. “Não digo que foi algo inteligente, mas não é esse absurdo que estão dizendo”, disse a ex-presidente do sindicado magistral, envolvida em doze denúncias.

“No 'muro', também há imagens de Gargamel [vilão do desenho animado “Os Smurfs”] e Darth Vador [da franquia de filmes “Start Wars”], é algo completamente heterogêneo. Podemos dizer que são brincadeiras de crianças, de péssimo gosto, mas não queríamos dar uma publicidade [ao caso]”, afirma Françoise Martres.

Ela também argumenta que a montagem de fotos foi feita numa época em que os sindicalistas estavam “irritados e cansados”, quando Sarkozy era ministro do Interior e, em seguida, presidente da República, em 2013. “Estávamos num clima de extrema violência, com vários ataques contra a justiça, vindos do poder executivo”, explica.

A descoberta das imagens do mural é, até hoje, criticada pela direita e pela extrema direita, que evocam o caso para denunciar a parcialidade de certos magistrados. O processo de Françoise Martres vai durar até a sexta-feira (7).

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