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Partido de Macron lança guia para defender medidas do governo em festas de família

Em plena crise dos “coletes amarelos”, os debates políticos durante as festas de fim do ano podem se tornar rapidamente “calorosos”. Para ajudar seus eleitores, o partido A República em Marcha (LREM, na sigla em francês), do presidente Emmanuel Macron, lançou uma espécie de “guia de sobrevivência” online, onde propõe respostas às possíveis críticas contra as medidas do governo.

Macron durante seu discurso ao povo francês, no dia 10 de dezembro
Macron durante seu discurso ao povo francês, no dia 10 de dezembro Ludovic Marin/Pool via REUTERS
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Marcos Lúcio Fernandes, em colaboração com FranceInfo

Na França, as festas de fim de ano, como no Brasil, às vezes são palco para fortes discussões políticas. Foi pensando nisso que o LREM lançou um site chamado “Respostas Concretas”, onde propõe réplicas às diversas críticas que o governo de Macron vem recebendo nos últimos meses.

Essa não é a primeira vez que o partido vem dar apoio a seus correligionários, para salvá-los do “tio da oposição” e do “primo ‘colete amarelo’”, mas a situação em 2018 é muito mais complexa. “Não é um ‘guia de sobrevivência’”, afirma o diretor-geral do LREM, Stanislas Guerini. “São ‘respostas concretas’ para os militantes recém-chegados, um pouco confusos. É algo que eles pedem, ou seja, mais informações, uma visão mais completa daquilo que estamos fazendo.”

O manual prevê uma resposta para cada situação: o que dizer, por exemplo, se sugerirem que Emmanuel Macron é “o presidente dos ricos”? Ou que o poder aquisitivo sofreu uma queda? É preciso se perguntar, em primeiro lugar, o porquê, defende Stanislas Guerini. “Você tem dificuldades em se locomover, a conduzir um carro, porque a gasolina está cara? Se a pessoa tem problemas com o transporte, é preciso explicar as razões do aumento nos combustíveis, que já estava prevista, e também apresentar os meios alternativos aos carros”, argumenta.

“Macron, presidente dos ricos?”

Com relação ao fim do Imposto de Solidariedade sobre a Fortuna (ISF), o site “Respostas Concretas” propõe a seguinte explicação: “ISF? Não o eliminamos, ele foi apenas transformado em Imposto sobre a Fortuna Imobiliária (IMB). A ideia é impor mais taxas ao patrimônio imobiliário (que se beneficia de numerosas vantagens fiscais) e menos ao dinheiro investido nas empresas francesas (para atrair mais investimentos e evitar que esse capital escape para o exterior).”

Para responder à crítica de que Macron “despreza o povo” – o presidente francês se expressou de forma vista como “altiva” e “desconectada da realidade” em diversos momentos –, o guia esclarece que o chefe de Estado “lançou o LREM porque queria que todos participassem da vida política. O presidente foi eleito com um programa ambicioso de transformação do país. Ele precisou aprovar várias reformas em um ano e meio, para que todos os franceses vejam os resultados o mais rápido possível. É o que deu o sentimento de radicalidade.”

Não critique Macron, critique Salvini

Por fim, quanto ao tema da imigração, o “Respostas Concretas” aproveita para dar um puxão de orelha no ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, e no primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban. “Quando a Itália se recusa a receber os navios que salvaram migrantes do afogamento no Mar Mediterrâneo, ela apenas transfere o problema a seus parceiros europeus. Quando a Hungria se nega a receber migrantes da Europa, ela não é solidária com os outros países”, diz o texto. 

O LREM aproveitou, também, para esclarecer o polêmico Pacto de Marrakesh, sobre a imigração. “Atenção às fake news: trata-se de um texto sem obrigações que busca reforçar a cooperação entre os Estados da ONU e melhorar a gestão das migrações. (...) Ele não inclui nenhum objetivo em termos de número, acolhimento ou direitos sociais.”

Para o jornalista francês Simon Le Baron, o partido do presidente Emmanuel Macron está tentando “usar a pedagogia para convencer”. Ele também acusa o LREM de pedir a seus eleitores uma tarefa que nem seus ministros e deputados conseguiram realizar: dar credibilidade às reformas propostas pelo governo.

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