Brasileira é diretora de Bienal das Artes do Circo em Marselha
A ensolarada cidade de Marselha, no sul da França, recebe até o dia 10 de fevereiro a Bienal das Artes do Circo (BIAC). A RFI conversou com a brasileira Raquel Rache de Andrade, fundadora e diretora do evento, que busca promover a criação de espetáculos contemporâneos ligados a essa atividade.
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Por María Carolina Piña
Em apenas três edições, a BIAC, que acontece na praia do Prado, em Marselha, conseguiu se transformar numa referência para os profissionais e para a criação do circo contemporâneo. Além de Marselha, 40 outras cidades da região da Côte d’Azur terão o prazer de acolher os artistas circenses.
É uma bienal para a criação. Convidamos companhias que trabalham na inovação e busca de novas formas de expressão. Temos 66 espetáculos, dos quais 30 são estreias mundiais, que podem ser vistos durante o inverno em toda a região
explicou Raquel Rache de Andrade.
A primeira edição da BIAC foi realizada em 2015 e foi possível pelo impulso cultural da nomeação de Marselha como “Capital Europeia da Cultura”, em 2013. Através desse título, o governo conseguiu investir na área e criar o Museu das Civilizações do Mediterrâneo, além de uma espetacular reforma do porto antigo, convertido numa agradável calçada ao bordo do mar. Isso permitiu ver a cidade com outros olhos, além do crime e do narcotráfico.
Circo abandonou clichês
O projeto circense de Raquel Rache de Andrade foi um dos beneficiados pela nova “Marselha cultural”. Além da BIAC, ela fundou a Archaos, instituição que dá apoio a artistas que querem investir em novos projetos ligados ao circo.
Hoje em dia, podemos dizer que Marselha é a capital mundial do circo graças à bienal. Temos profissionais do mundo inteiro que vêm para assistir às últimas criações e levá-las a seus países
conta Raquel.
Tivemos também companhias de circo que se instalaram em Marselha e na região, porque isso facilita o desenvolvimento de novos espetáculos. Isso nos permitiu criar o polo de criação artística Archaos
explica Raquel.
Em 2019, um dos temas principais da bienal foi a chamada “magia nova”, um movimento nascido na França que incorpora a mágica com outras disciplinas e recursos tecnológicos. Um de seus maiores artistas é Raphaël Navarro, que apresenta em Marselha a primeira exposição mundial inspirada nesta doutrina.
A Bienal do Circo não é dirigida somente ao público, mas também permite o encontro entre artistas, caça-talentos e programadores internacionais de espetáculos. “A França se tornou referência para o circo contemporâneo, em matéria de produção, formação de artistas e organização de festivais. Hoje o circo sai do clichê de animais e trapezistas”, afirmou à RFI Vicente Llorca, produtor espanhol de eventos circenses.
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