Acessar o conteúdo principal

Benalla, “garoto problema” do governo francês, se vê envolvido em mais um escândalo

O site jornalístico francês Mediapart revelou, no fim de janeiro, que o ex-funcionário do Palácio do Eliseu e antigo braço direito de Emmanuel Macron, Alexandre Benalla, manteve ligações com um oligarca russo suspeito de ser próximo de “um dos piores grupos criminosos de Moscou”. A nova acusação contra o homem de 27 anos, já envolvido em diversos outros escândalos, só aumenta a pressão sobre o governo francês, atualmente saturado com a mobilização dos “coletes amarelos”.

Emmanuel Macron e Alexandre Benalla no dia 24 de fevereiro de 2018.
Emmanuel Macron e Alexandre Benalla no dia 24 de fevereiro de 2018. REUTERS/Stephane Mahe
Publicidade

Segundo o Mediapart, Alexandre Benalla teve participação na assinatura de um contrato entre Vincent Crase, um funcionário do Eliseu, e Iskander Makhmudov, oligarca russo próximo do presidente Vladimir Putin. A revista Forbes estima que a fortuna atual de Makhmudov é de US$ 6,7 milhões. O empresário enriqueceu nos anos 1990, após a queda do bloco soviético, ao criar a sociedade Ural Mining and Metallurgical Company (UMMC), um gigante da área metalúrgica.

Mas vários juízes europeus suspeitam que Makhmudov tenha relações pessoais com o Izmaïlovskaya, um importante grupo mafioso de Moscou, e com a Tambovskaya-Malychevskaya, uma organização criminosa de São Petersburgo. Ele também foi acusado de lavar dinheiro através de um de suas empresas, mas as investigações foram congeladas nas gavetas da Justiça russa.

Vincent Crase, militar reformado e ex-responsável pela segurança do Eliseu, assinou um contrato com Makhmudov em 2018. Em seguida, a empresa Mars, que pertence a Crase, recebeu uma transferência de € 294 mil do oligarca russo, chamando a atenção dos serviços franceses de luta contra a lavagem de dinheiro. Benalla é suspeito de ter contribuído no fechamento desse acordo. O que inquieta as autoridades francesas é o fato de que ele se aproveitou de seu cargo no governo para assegurar o estabelecimento de negócios com uma personalidade russa próxima de Vladimir Putin e, sobretudo, suspeita de ligação com grupos criminosos.

O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, prometeu que “toda transparência” seria assegurada para esclarecer o caso. Na segunda-feira (11), o Mediapart apresentou novas provas reforçando a tese de que Benalla teve um papel importante na conclusão do contrato.

Macron sai enfraquecido dos escândalos

As consequências das “ações suspeitas” de Alexandre Benalla, que até 2018 era desconhecido da mídia, não param de abalar o governo francês. Nesta terça-feira (12), Ismaël Emelien, conselheiro especial de Emmanuel Macron, anunciou sua decisão de deixar seu cargo em uma entrevista à revista Le Point.

Emelien é suspeito de ser a pessoa encarregada por Benalla de guardar os arquivos ilegais de câmeras de vigilância que o captaram agredindo manifestantes durante a mobilização de 1° de maio de 2018 em Paris. Nas imagens, Benalla, que trabalhava no serviço de segurança do Eliseu, é visto espancando participantes nos protestos, vestindo, de forma não autorizada, um uniforme da polícia.

Com a saída de Emelien, o governo francês perde mais um membro importante. Antes dele, Stéphane Séjourné, conselheiro do partido A República em Marcha, se afastou para se ocupar da campanha das eleições europeias e Sylvain Fort, diretor de comunicação, se demitiu para “dar prioridade de sua vida familiar”.

Passaportes diplomáticos e conversas íntimas

Benalla também foi acusado de continuar usando seus documentos diplomáticos para efetuar viagens internacionais mesmo depois de ter deixado seu cargo no governo francês. “Com esse indivíduo, temos todos os dias uma surpresa. Descobrimos que ele usou vinte vezes seus passaportes entre o dia 1° e 31 de dezembro de 2018”, afirmou Patrick Strozoda, diretor do gabinete de Emmanuel Macron.

Além disso, Mediapart também revelou que Benalla manteve “conversas íntimas” com o presidente francês durante muito tempo, após a revelação da agressão aos manifestantes e de seu processo. “Uma coisa de louco, o ‘chefe’ [Emmanuel Macron], ontem à noite, me mandou uma mensagem dizendo ‘Você vai acabar com eles. Você é mais forte que eles, é por isso que tinha você do meu lado’”, teria dito Benalla a um amigo, num SMS.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.