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França/saúde

Consumo de álcool causa mais de 40 mil mortes na França

O potencial patológico relacionado ao consumo de álcool na França continua a ser "considerável", com cerca de 41.000 mortes por ano, alertaram nesta terça-feira (19) as autoridades. Trata-se de um recorde e os críticos falam em uma "inadequação" da ação governamental para lutar contra o problema no país. Os franceses bebem em média mais de dois copos de bebidas alcóolicas por dia.

Os franceses bebem em média mais de dois copos de bebidas alcóolicas por dia.
Os franceses bebem em média mais de dois copos de bebidas alcóolicas por dia. Getty Images/
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O álcool foi responsável por 7% das mortes de adultos em 2015, de acordo com as autoridades sanitárias da França, um número ligeiramente inferior às estimativas anteriores, mas ainda a segunda principal causa de morte evitável, após o tabagismo (78.000 mortes por ano).

É uma "hecatombe", lamentou o psiquiatra especialista em vício, Amine Benyamina, que criticou no Twitter "a insuficiência das medidas" tomadas pelo governo. "Quantas mortes devem acontecer antes que a implementação de uma política de redução de riscos seja realmente efetiva?", afirmou em um comunicado a Associação Nacional de Prevenção do Alcoolismo e Dependência da França (ANPAA).

A publicação no início de janeiro de 2019 do plano de ação do governo francês contra os vícios provocou reações diversas por parte dos especialistas, que lamentam a falta de medidas concretas para combater o problema, como um possível aumento no preço de bebidas álcoolicas.

Mas o ministro da Agricultura da França, Didier Guillaume, estimou que o vinho "não era um álcool como os outros", provocando a indignação dos médicos especialistas em adições. Já a ministra da Saúde, Agnès Buzyn, pediu "para que não se banalizasse o consumo de álcool" no país.

Em 2009, cerca de 49.000 mortes na França tiveram como causa o álcool, 9% do total.

Doenças ligadas ao álcool

Este declínio "é em grande parte explicado pela diminuição da mortalidade por causas relacionadas ao álcool", mais do que pelo ligeiro declínio no consumo, segundo os autores do artigo, publicado no boletim epidemiológico semanal da ANPAA.

O equilíbrio é muito mais difícil para os homens, para quem o álcool é responsável por mais de uma entre 10 mortes (11%), em comparação com 4% entre as mulheres.

A França é mais afetada pelo fenômeno do que os países vizinhos: na Escócia, o álcool causa 6,8% das mortes entre os homens e 3,3% entre as mulheres; na Suíça, 5% e 1,4%, respectivamente, e Itália, 3% e 2%.

O estudo, conduzido por um bioestatístico e uma epidemiologista, é baseado no consumo relatado por uma amostra de 20.000 pessoas e por números de vendas de álcool. Os especialistas cruzaram esses dados com todas as causas de morte para as quais o álcool modifica o fator de risco, como, por exemplo, o câncer, no topo da lista, com 16 mil mortes, antes mesmo de doenças cardiovasculares (9,9 mil), das doenças digestivas (6,8 mil) e dos acidentes e suicídios (5,4 mil).

A grande maioria dessas mortes (90%) está relacionada ao consumo de mais de 53g por dia de álcool. Os números devem encorajar a população a reduzir seu consumo médio, de 2,6 copos por adulto e por dia em 2015, a menos de 10 copos por semana, uma dose que é “recomendada” como ideal, concluem os autores do estudo.

Bebedores compulsivos

Uma outra informação chamou a atenção dos pesquisadores: cerca de 10% dos franceses entre 18 e 75 anos bebem sozinhos 58% do álcool consumido na França, o que deve “encorajar políticas de saúde direcionadas aos bebedores compulsivos”, segundo Michel Reynaud, presidente do Fundo contra Adições, porque os danos "crescem exponencialmente de acordo com as quantidades".

Em um comentário publicado no site The Conversation, o médico critica "o modelo econômico do mercado de bebidas alcoólicas", "construído sobre o consumo excessivo", enquanto afirma defender o “consumo moderado". No entanto, "mesmo com a dose relativamente moderada de menos de 18g de álcool puro consumido por dia (menos de dois copos), o risco geral é aumentado", lembra a agência sanitária da França.

"Os efeitos protetores mínimos do álcool são anulados por seus efeitos destruidores", insistiu em um editorial o diretor-geral do órgão, François Bourdillon.

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