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Oposição acusa governo francês de “fake news” sobre “ataque” a hospital em Paris

Na resenha da imprensa francesa desta sexta-feira (3) a nova polêmica provocada após a "suposta" tentativa de "ataque" da UTI de um hospital parisiense por manifestantes que participaram do desfile do Dia do Trabalho.

Capa do jornal Libération desta sexta-feira, 3 de maio de 2019.
Capa do jornal Libération desta sexta-feira, 3 de maio de 2019. Reprodução/Libération
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As versões divergem, o governo é acusado de propagar fake-news e a oposição pede a demissão do ministro do Interior. Diante da polêmica, Christophe Castaner reconheceu nesta sexta-feira (3) que deveria ter falado em “invasão violenta” e não em “ataque”.

Libération critica a atitude do governo nesse caso. Em sua manchete, o diário progressista destaca que a "fake news" veio do interior, numa referência ao ministro Christophe Castaner. Ao contrário do que afirmou o ministro na noite de quarta-feira (1), o Hospital La Pitié-Salpêtrière não foi invadido e deteriorado por ativistas violentos, garante o texto.

A reportagem conta desde o início como a denúncia preocupante do governo ganhou corpo até começar a ser desmentida ou relativizada por testemunhos e vídeos compartilhados nas redes sociais. A indignação era grande na noite da quarta-feira no país, após a informação da invasão do hospital "por dezenas de militantes anticapitalistas black blocs" que colocaram em risco a vida de pacientes. Essa informação foi repetida e confirmada por vários integrantes do governo Macron. Os funcionários, que impediram o ataque, foram inclusive agredidos, acrescentou o diretor da Assistência Pública Hospitais de Paris, que administra o Pitié-Salpêtrière.

Outro cenário

Os vídeos postados nas redes sociais mostram outro cenário, revela Libération. Os manifestantes entraram no hospital para tentar escapar do gás lacrimogêneo e da perseguição da polícia. Em editorial, o jornal compara o ministro do Interior francês a Donald Trump.

“Castaner poderia ter simplesmente ficado satisfeito com o balanço da atuação das forças de ordem que conseguiram conter no 1° de Maio as cenas de violência e a ação dos black blocs na ruas de Paris. Mas não, em seu desejo de mostrar eficiência e sobretudo legitimidade, o ministro confundiu um grupo de manifestantes que tentava se proteger com malucos capazes de invadir a UTI do hospital. Como Trump, ele tuitou mais rápido do que devia, sem checar a informação. Uma atitude que não inspira a confiança tão necessária nos tempos de hoje”, critica Libération.

Le Parisien diz que o suposto ataque ao hospital é realmente muito polêmico. Como Libération, o diário popular também relembra o desenrolar dos fatos no 1° de Maio. O artigo afirma que as imagens difundidas na internet contradizem a versão da polícia.

Apenas uma ou duas pessoas aparecem determinadas a forçar a entrada da UTI do hospital, mas foram impedidas, inicialmente por enfermeiros e residentes, e depois, retidas pelas forças de ordem. Uma investigação está em curso, mas todas as 32 pessoas detidas no hospital foram libertadas na quinta-feira (2), aponta Le Parisien.

Pedidos de demissão

Mais neutro, Le Figaro diz que as versões sobre a "invasão", que o jornal prefere chamar de "intrusão", divergem. As imagens de vídeo parecem contradizer o ministro do Interior, concorda o jornal conservador.

A oposição pede explicações a Castaner. O ministro é acusado de mentir pelo partido de extrema esquerda França Insubmissa e pelos socialistas, que pedem sua demissão, informa Le Figaro.

O governo se defende dizendo houve tentativa de intrusão na UTI e que isto é muito grave. “É lamentável constatar que ao invés de condenar os fatos graves, a oposição prefere criar uma polêmica indigna", declararam fontes do ministério do Interior ao jornal.

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