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França/Eleições europeias

Deputado da esquerda radical na França declara voto à extrema direita nas eleições europeias

Andréa Kotarac, deputado estadual do partido França Insubmissa (FI), de esquerda radical, anunciou nessa terça-feira (14) que vai votar nos candidatos da Reunião Nacional (RN), a sigla de extrema direita de Marine Le Pen. O apoio choca o país. O anúncio anteciparia um cenário à italiana na França?

Marine Le Pen e seu partido de extrema direita Reunião Nacional ganharam o apoio de um deputado da França Insubmissa, de extrema esquerda.
Marine Le Pen e seu partido de extrema direita Reunião Nacional ganharam o apoio de um deputado da França Insubmissa, de extrema esquerda. REUTERS/Vincent Kessler
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Ao anunciar seu apoio à Reunião Nacional, Andréa Kotarac avisou que também deixava o movimento de esquerda radical. Ele justificou seu voto afirmando que é necessário derrotar o partido do presidente Emmanuel Macron, A República em Marcha (LRM), na eleição para o Parlamento Europeu do próximo dia 26 de maio. Kotarac já participa de um comício com a participação de Marine Le Pen, em Ferrenheim, no leste do país.

Na França, RN e LRM estão empatados nas pesquisas, com 22% dos votos. A França Insubmissa está em terceiro, mas aparece muito atrás, com cerca de 10%.

O deputado FI da região Rhône-Alpes, no sul da França, foi um dos braços direitos do líder do partido Jean-Luc Mélenchon. Ele integrou a equipe de campanha presidencial da França Insubmissa, em 2017. Mélenchon, irado, foi um dos primeiros a reagir. Ele considerou o apoio uma “manobra” e escreveu no Twitter que “Kotarac é o nome de um golpe baixo de fim de campanha. O apoio de um traidor como ele desonra as pessoas que pensam levar alguma vantagem”.

Mélenchon pediu a demissão imediata do deputado eleito em 2015 e o grupo parlamentar “União cidadã ecológica e solidária” que ele integrava, decidiu excluí-lo na noite de ontem.

Decisão coerente segundo Le Pen

O ex-político da França Insubmissa garantiu que não vai aderir ao partido de extrema direita, que seu gesto é circunstancial. “A lista encabeçada do FN às eleições europeias, encabeçada por Jordan Bardella, é a única soberanista, que defende a independência da França, e a única capaz de impedir o rolo compressor antissocial do governo Macron.”

Marine Le Pen considera a decisão de Kotarac coerente. Ele lembrou que “a França Insubmissa não para de dizer que é necessário derrotar Macron”. A líder da RN garantiu que terá outros aliados semelhantes nessa reta final da campanha.

Cenário à italiana na França?

Um cenário à italiana na França, com uma aliança entre a RN e a FI, é por enquanto descartado. Na Itália, o governo é dirigido por uma coalizão entre a Liga, de extrema direita, e o Movimento 5 Estrelas, de esquerda. “Não acredito neste cenário porque a França Insubmissa não é como o Movimento 5 Estrelas”, avaliou Marine Le Pen.

A candidata que encabeça a lista FI às europeias, Manon Aubry, fez um apelo para que “não seja dada muita importância ao gesto individual de uma pessoa que, por oportunismo, traiu os valores mais caros do partido”. Tentando dar a volta por cima, ela listou as convergências entre a Reunião Nacional e o partido presidencial A República em Marcha. As duas siglas são “contra a alta do salário mínimo, contra a paridade entre homens e mulheres, a favor do aumento da jornada de trabalho e inativos na luta contra as mudanças climáticas”, ressaltou Aubry.

Já o presidente da Assembleia Nacional e um dos fundadores do LRM, Richard Ferrand, constata ver no apoio do ex-deputado da extrema esquerda à extrema direita “a encarnação da permeabilidade entre FI e RN.”

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