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Um mês após incêndio, investigações são lentas e reconstrução da Notre-Dame é alvo de polêmicas

Um mês depois do incêndio que atingiu a Catedral de Notre-Dame em Paris e provocou uma onda de comoção mundial, o jornal Le Figaro traz uma extensa reportagem nesta quarta-feira (15) para comentar os poucos avanços da investigação sobre as causas da tragédia. A reportagem aborda as polêmicas em torno da renovação do célebre monumento religioso, considerado uma joia da arquitetura francesa.

A Catedral de Notre-Dame foi atingida por um incêndio no dia 15 de abril de 2019.
A Catedral de Notre-Dame foi atingida por um incêndio no dia 15 de abril de 2019. REUTERS/Gonzalo Fuentes
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A união sagrada vista nos dias seguintes da catástrofe e a emoção ficaram no passado. A restauração da catedral agora é alvo de debates e polêmicas, escreve o diário conservador francês. A origem do fogo que destruiu em poucas horas um teto de madeira, construído há vários séculos, ainda é desconhecida.

A investigação avança lentamente e a polícia é prudente sobre a hipótese de uma falha elétrica, como origem das chamas. No entento, essa é ainda a causa mais provável, o que afasta cada vez mais um gesto intencional, diz o texto.

Segundo Le Figaro, a polícia técnica e científica privilegia a pista de um curto-circuito no andar onde ficam os elevadores. Um pequeno robô, equipado com uma câmera de vídeo de alta definição, tenta ajudar os especialistas a recolher provas que possam contribuir para as investigações.

Os peritos ainda não podem ter acesso ao local pois ainda há risco de queda de pedras e de outros materiais. A preocupação ainda é consolidar a estrutura do telhado.

Os adeptos de teorias de complô ficarão decepcionados, segundo Le Figaro, já que nada foi descoberto que pudesse alimentar as teses de um ataque terrorista ou de um ato premeditado.

Polêmicas sobre reconstrução

As investigações seguem em um ritmo mais lento do que os debates e as polêmicas sobre a restauração da famosa catedral. Partidos de oposição ao governo francês criticam a “lei de exceção” votada e aprovada na última sexta-feira (10) pelos deputados para garantir a reconstrução do monumento.

Os senadores do partido Os Republicanos prometem lutar contra essa lei que altera e flexibiliza certas regras de urbanismo, de proteção do meio ambiente e de processos administrativos para acelerar os trabalhos.

O ministro da Cultura, Frank Riskier, justifica que é preciso ganhar tempo para evitar a "lentidão administrativa". Parlamentares rejeitam a pressa e defendem o respeito às normas rígidas da política de proteção do patrimônio em vigor no país que também são estabelecidas pela Unesco.

Outra polêmica citada pelo jornal é a declaração do presidente da Fundação do Patrimônio de que a coleta de dinheiro para a reconstrução da Notre-Dame já tinha atingido uma soma suficiente.

O arcebispo de Paris, Michel Aupetit, reagiu irritado por meio de uma rede social, lembrando que os experts ainda não terminaram seu trabalho. Elle ressaltou que é preciso ainda estimar o custo da reconstrução e da acolhida aos fiéis.

E, por último, a reconstrução da famosa flecha no teto do monumento é fonte de uma polêmica efervescente entre intelectuais e arquitetos. De um lado, os que defendem a realização de uma obra idêntica ao modelo antigo, que foi totalmente consumido pelas chamas. Do outro lado, os que pregam uma renovação da flecha, com traços mais modernos. O governo francês pende por uma obra inovadora, lembra Le Figaro.

Em editorial, o jornal questiona a necessidade de mudar as leis para acelerar o trabalho de reconstrução da Notre-Dame, possibilitanto que o monumento seja reaberto antes das Olimpíadas de 2024. “A ‘rainha das catedrais’ precisa de sábios e não de cirurgiões estéticos ou de aprendizes de feiticeiros, finaliza o editorial.

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